Revista Diário - 4ª Edição - Fevereiro 2015

T enho 42 anos, casada, três filhos e uma filha. Sou professora e representante das mulheres do meu povo no Parque do Tumucumaque Oeste, onde ha‐ bitamos Tiriyó e Katxuyana. É commuita honra que faço pequeno comentário a respeito dasmulheres indígenas de minha região, por seremmães que lutam pelos seus direitos deMulher e em se tornar reconhecidas, através de direitos garantidos. Nósmulheres indígenas gostaríamos de ser reconhe‐ cidas. Queremos aprofundar nossos conhecimentos so‐ bre a condição deMulher Indígena. Em2012, participa‐ mos do projeto “Tecendo a Arte, Tecendo a Vida”, desen‐ volvido pelo Instituto de Pesquisa e Formação Indíge‐ na/IEPÉ, em parceria com a Embaixada da Noruega no Brasil, e apoio da Caixa Econômica. O evento foi de 2 a 5 de setembro de 2012, pela atividade de intercâmbio que reuniu mulheres tiriyó e kaxuyana, do Parque Indígena do Tumucumaque, bemcomo asmulheres Karipuna, Pa‐ likur e Galibi Marworno, do Oiapoque, visando promo‐ ver o encontro de artesãs indígenas em torno de suas experiências na gestão da produção e comercialização. Esse intercâmbio foi muito importante porque a ONG IEPÉ trabalhou na comunidade, valorizando os nossos costumes, tradições, culturas, histórias e outros aspectos do dia a dia. Por isso, somos gratas a essa instituição que trouxe projetos de qualificação para a nossa comunida‐ de emmiçanga. Pudemos fazer tecelagens, por exemplo em cinto, bolsa, tanga, pulseira e gargantilha. A partir desses cursos, passamos a ser valorizadas dentro e fora de nossas comunidades. Nossas imagens e produções podem ser acessadas pela internet. Nós, Povos e Mulheres Indígenas do Amapá, enfren‐ tamos muitas dificuldades para chegar até esta capital. O único meio de transporte que podemos utilizar é o avião, por esse motivo, nossos artesanatos deixam de ser vendidos e vistos emMacapá e fora do nosso estado, alémde não termos um local próprio internamente para expor nosso produto. Espero que com este comentário, Nós‐ Mulheres Indígenas do Amapá nunca mais possa‐ mos ser esquecidas. ● Nodia8demarçoasmulheres são homenageadaspormensagens, flores, presentespor seudia, no entanto, nãopodemosesquecer a origemdacomemoraçãodessedia: açãopolítica realizadapor operárias russasem1917, queacaboupor dar inícioàuma revoluçãonaquelepaíse, ainda, emhomenagemàsmulheres quemorreramna fábricaem1857em Nova Iorque.Nesseconjuntode fatos políticosehistóricos, eu, como mulher, comdiversas inserçõesno mercadode trabalho, assumindo múltiplospapéishoje, comomulher, emdefesadeumprojetode sociedadeanticapitalista, ocupando Especial/PERFIL Revista DIÁRIO -Março 2015 - 36 Comunidade Indígena doOeste do Parque do Tumucumaque CeleideVieira PereiraKatxuyana Professora da Universidade Federal doAmapá secretáriamunicipal de educação Antônia Costa

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