Revista Diário - 4ª Edição - Fevereiro 2015

Diário – Por que tantas adoções? Sueli – Não adotei por me sentir só, por assistencialismo. Adotei porque criar um filho é um desafio incrível que te torna um ser humanome‐lhor. O filho é um espelho virado para você, e que te mostra o tempo todo quem você é e emque você precisa melhorar. É um aprendizado constante. Diário – Apesar do componente afetivo que a senhora fala, ter muitos filhos não deixa de ser uma cargamuito pesada... Sueli – É uma carga que se torna leve justamente pela afeto, pelo amor. Diário – Daí para assistênciamaterial aos filhos é umpasso. Sueli – É verdade, mas não pense que dou aquela assistência que se imagina quando se trata de alguém monetariamente bem sucedido. Diário – Como assim? Sueli – Por exemplo, não tenho plano de saúde… Diário – Por quê? Sueli – Ora, o SUS é o melhor plano de saúde do mundo. Falta apenas os gestores levarem isso a sério. Eu uso a rede pública para me consultar. Quando me sinto doente, pego minha senha e aguardo como qualquer pessoa. Diário – Nota-se que a senhora é simples no vestir... Sueli – Sim. Não uso roupas de grifes famosas e caras, prefiro o comércio local. Sou assim, simples e feliz com isso. Diário – E quanto à educação que a senhora dá aos filhos? Sueli – Em casa, a maternal, familiar. Fora, opto por colocar meus filhos na escola pública. Diário – Um sonho, desembargadora. Sueli – Viver o suficiente para ver meus filhos minimamente encaminhados. Costumo dizer que tenho filhos desde a fralda até de barba. Diário – Maior conquista Sueli – Também minha família. Imagine que se alguém te disser que em três minutos um meteoro atingiria a terra, destruindo tudo. Certamente você não iria pensar em bens materiais, no carro de luxo, na mansão, não, você certamente iria tentar correr para casa para encontrar e abraçar sua família. Esse é o sentido da vida. Essa é minha maior conquista. Diário – Perda. Sueli – Perda da presença dos meus pais que, embora vivos, estão fisicamente longe de mim, lá no Paraná, no campo. Respeito isso, mas sinto como uma perda essa falta da relação de proximidade. Gostaria de poder oferecer aos meus filhos a presença dos avós aqui perto. Diário – Lugar. Sueli – Macapá. Vim passar uma chuva aqui e já estou há 24 anos. Amo esta terra. Não nasci aqui, mas será neste lugar que meu corpo descansará em paz, quando Deus decidir. Por isso luto em defesa deste pedaço abençoado de chão.. Diário – Obrigado, desembargadora. Sueli – Eu é que agradeço. Mas gostaria de falar uma última coisa. Diário – Pois não. Sueli – Peço ao povo do Amapá que confie em nossa vontade de acertar. O Judiciário é uma locomotiva no trilho. Nosso papel será dar maior velocidade e deixá‐la transparente como um aquário para que o cidadão saiba onde cada centavo é investido. Vamos combater o bom combate e operar a lei com a precisão do bisturi do cirurgião. Que Deus nos dê a sabedoria necessária para enfrentar os desafios que surgirem no dia a dia. ● Revista DIÁRIO -Março 2015 - 43 Não adotei por me sentir só, por assistencialismo. Adotei porque criar um filho é umdesafio incrível que te torna um ser humano melhor. O filho é umespelho virado para você, e que temostra o tempo todo quemvocê é e emque você precisamelhorar. É umaprendizado constante.

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