Revista Diário - 4ª Edição - Fevereiro 2015

Revista DIÁRIO -Março 2015 - 55 MundoPet Oanimal que custou dezmil reais, e o adotado emumcanil municipal, pode dar-lhe omesmo amor, proteção e segurança. Só devemos ter emmente que os animais não são coisas ou objetos, e que são seres sencientes, capazes de sentir emoções e expressá-las de forma tão peculiar como só eles sabemfazer. A demanda por animais de raças caras ou espécies exó‐ ticas no Brasil e no mundo faz com que novo tipo de comér‐ cio surja nas capitais e interiores do país: tráfico de animais. Para visualizarmos melhor, cito o exemplo do roubo/furto de matri‐ zes e/ou filhotes de raças nobres para revenda no mercado negro. Atualmente, raças como Shih tzu, Sharpei, Yorkshire, Lhasa apso e Maltês, entre outras, são vítimas de ladrões que se especializaram nesse tipo de crime. Eles rou‐ bam/furtam os animais de Pets‐ hops, criadores e até mesmo de residências e os revendem por preços mais acessíveis a outros petshops, a outros criadores e até mesmo para seus antigos donos. Geralmente e infelizmente, o que faz esse comércio ilegal crescer a olhos vistos é a pura e simples questão de status. No caso de animais domésti‐ cos o cidadão deseja um cachorro ou gato de raça, porém não quer desembolsar R$ 2.500 a R$ 5.000, que é o preço em média de um fi‐ lhote dessas raças já citadas. É quando o ladrão de animais/filho‐ tes entra em cena oferecendo o mesmo animal por um preço mui‐ to mais acessível. Como já sabe‐ mos, a lei da procura e da oferta é cruel. Enquanto existirem com‐ pradores, existirá sempre forne‐ cedores, seja lá o produto que for. Digo o mesmo para animais sil‐ vestres, tanto é que o tráfico de animais é o terceiro negócio ilegal mais lucrativo no planeta, só per‐ dendo para os tráficos de pessoas, armas e drogas. Orientações básicas para quem quer comprar um animal são sempre as mesmas. Pesquisar a procedência (silvestre ou do‐ méstico), verificar se o criador e seus animais estão devidamente registrados no Ibama (no caso de animais silvestres), verificar da mesma forma se os criadores es‐ tão certificados pela Confedera‐ ção Brasileira de Cinofilia (CBKC) ou órgão/entidade de sua cidade, no caso de o animal pertencer à espécie canina, e assim sucessiva‐ mente. Procurar sempre por boas referências dos vendedores e etc.. Particularmente, sou contra a compra e venda de animais, pois a partir do momento em que se ne‐ gocia a vida de um deles estamos dando brechas para esse tipo de comércio ilegal, cruel e tão sofrido para as espécies. Existem leis especificas que protegem e guardam os direitos dos animais, como a nossa pró‐ pria Lei Maior (art. 225, parágrafo 1º, VII C.F/88), e também a lei de crimes ambientais 9.605/98 art. 29, parágrafo 1º, III, e por aí vai. O importante é avaliarmos se realmente precisamos “comprar um amigo”, pois penso que raça ou exotismo não define o amor e ca‐ rinho que eles têm por nós. O animal que custou dez mil reais, e o adotado em um canil mu‐ nicipal, pode dar‐lhe o mesmo amor, proteção e segurança. Evi‐ dente que vivemos em um Estado Democrático de Direito, por isso podemos adquirir/comprar animal em lugares regularizados por lei. Só devemos ter em mente que os animais não são coisas ou obje‐ tos, e que são seres sencientes, ca‐ pazes de sentir emoções e expres‐ sá‐las de forma tão peculiar como só eles sabem fazer. Equivocada‐ mente o nosso Código Civil de 2002 os têm como propriedades ou objetos. Assim sendo, a guerra está declarada: de um lado pes‐ soas que acreditam que os ani‐ mais estão aqui somente para nos servir sem um mínimo de direito sequer e, de outro, pessoas que lu‐ tam com afinco para que os ani‐ mais vivam e contribuam para o desenvolvimento de uma socieda‐ de de forma justa, produtiva, har‐ moniosa, pacífica e sustentável. E o mais importante: que vivam li‐ vres de sofrimento. ● Tráfico deanimais HomeroAlencar, ativistadosDireitosdosAnimais

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