Revista Diário - 4ª Edição - Fevereiro 2015
T odos nós reconhecemos, hoje, a com‐ petência da mulher nos mais diversos segmentos da sociedade, mas nem sempre foi assim. No universo enológico, não é diferente. Se no século XVIII, Maria An‐ tonieta e Madame Pompadour foram consi‐ deradas exóticas por apreciar a bebida, atualmente se reconhece a excelência do tra‐ balho desenvolvido exclusivamente pelas mãos femininas. Já no século XIX, uma extraordinária figu‐ ra marca a expansão dos vinhos espumantes comatuação direta nomercado. A Grande Da‐ ma, como ficou conhecida a Madame Clic‐ quot, ficou viúva e foi obrigada a gerir os ne‐ gócios de lã, serviços bancários e produção de champagne de sua família. Visionária, de‐ cidiu focar na exportação dessa bebida ao Im‐ pério Russo em meio às guerras napoleôni‐ cas, alcançando enorme sucesso que a marca possui até os dias atuais. De lá até o ano 2000, mais produções de vinhos passaram a ser capitaneadas por mu‐ lheres, sempre comgrande qualidade e suces‐ so de crítica. Um ícone do século XX, sem dú‐ vida, é a comandante da premiada Domaine Leroy, vinícola na Borgonha, na França. Falo de Lalou Bize‐Leroy, pioneira e defensora da produção de vinhos biodinâmicos desde os anos 50, quando ainda não se imaginava o su‐ cesso que os vinhos com essa filosofia alcan‐ çariam. Madame Leroy chegou a gerenciar a Domaine de La Romanée‐Conti, que produz os mais prestigiados vinhos do mundo, mas ab‐ dicou ao cargo e voltou para a vinícola da fa‐ mília, que administra até hoje. A partir deste século, passamos a vivenciar um imenso boom de garrafas assinadas intei‐ ramente pormulheres. Suzana Barelli, editora da Revista Menu, credita a “invasão feminina” à maior facilidade para se elaborar vinhos, usando tecnologia e menos trabalho braçal, bem como a chegada e consolidação das mu‐ lheres no mercado de trabalho. O certo é que, em meio a tanta produção 100% feminina, destaco as minhas produto‐ ras preferidas, com vinhos muito bem cons‐ truídos, saborosos e sensuais, que certamente carregama elegância e a sensibilidade de suas criadoras. Vale a pena provar os vinhos espu‐ mantes de Filipa Pato (Bairrada/Portugal), Hortência Brandão (Campos de Cima, sul do Brasil) e Vanessa Stefani (Casa Perini, Bento Gonçalveis/Brasil); os tintos de Suzana Balbo (Mendoza/Argentina), Raffaela Bolonha (Can‐ tina Braida, Piemonte/Itália) e Sara Peres (MasMartinet, Priorato/Espanha); os brancos deMaria LuzMarin (Vinícola CasaMarin, Vale de Santo Antônio/ Chile). Pela passagemdo dia 8 demarço, aprovei‐ to e faço um brinde em homenagem a todas as mulheres. ● Revista DIÁRIO -Março 2015 - 57 Vinhos As damas do vinho Atualmente se reconhece a excelência do trabalho desenvolvido na produção e vinhos exclusivamente por mãos femininas. A partir deste século XXI passamos a vivenciar um imenso boomde garrafas assinadas inteiramente por mulheres. Pela passagemdo dia 8 demarço, umbrinde a todas elas. Avocês,mulheres Dr. JoséBogéa, advogadoeenófilo ntbog@uol.com.br
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