Revista Diário - 4ª Edição - Fevereiro 2015
Revista DIÁRIO -Março 2015 - 65 A questão da manipulação do alimento é considerada o maior gargalo para o comércio do produto. Para tanto, foram criados investi‐ mentos dos governos federal (por meio de emendas do deputado Bala Rocha) e do gover‐ no do Amapá no valor de R$ 150 mil para o projeto de criação de cem mesas de catação, divididas gratuitamente entre empreendedo‐ res dos maiores polos amapaenses de distri‐ buição – Macapá e Santana. O objetivo do projeto é a implantação da mesa de catação para diminuir a contaminação alimentar do fruto, provocada emrazão da for‐ ma artesanal em que é feita a colheita e toda a produção dos derivados, o que conduz à con‐ taminação do alimento. Estima‐se que apenas 10% da produção paraense sejam destinados a outros países, sendo 60%consumidos no es‐ tado e 30% vendidos para o resto do país. Do faturamento da Frooty Açaí, apenas 2% vêm da exportação, mas a expectativa é de que até o corrente ano o índice chegue a um décimo. As exportações aumentaramde R$ 700mil em 2012 para a previsão de R$ 1,2 milhão neste ano, diz Marcelo Cesana, diretor da Frooty. Um problema apontado pelo professor da UFPA, Herve Rogez, é a alta no preço do pro‐ duto, que é o principal entrave para a exporta‐ ção da fruta, enfraquecendo a competitividade de preços junto a outros produtos considera‐ dos saudáveis e antioxidantes, O pesquisador Alfredo Homma, da Embra‐ pa, afirma que a falta de investimentos emno‐ vas tecnologias contribui para o aumento de preço, lembrando que o açaí do grosso cresceu 1.600%emmenos de 20 anos, e que realmen‐ te a população mais pobre deixou de ser o maior consumidor desse saboroso e nutritivo alimento, passando a ser regalias para poucos. Mesmo assim, os dados de 2012 são infe‐ riores aos de 2011 e devem seguir estáveis neste ano. Contribuiu para a queda a crise eco‐ nômica europeia, já que os Países Baixos, se‐ gundomaior comprador do produto, dois anos atrás, reduziram bastante a importação. O nú‐ mero vem crescendo, assim como a quantida‐ de de açaí destinada ao Japão, quemais do que dobrou em um ano e chegou a 14% em 2012, colocando o país na vice liderança da lista. Os destinos, entretanto, são variados: Portugal, Espanha, Austrália, Rússia, República Tcheca e Israel, e pretende chegar embreve ao crescen‐ te mercado asiático. Para Herve Rogez, o valor do suco de açaí superou o de outras polpas também conheci‐ das pelo efeito antioxidante, como o mirtilo e a amora. Rogez acredita que há a possibilidade de expansão das operações, mas o preço ainda não é competitivo. A procura nos últimos anos aumentou rapida‐ mente, de maneira supe‐ rior à oferta. De 2002 a 2010 o montante movi‐ mentado pelas exporta‐ ções paraenses da polpa aumentou 30 vezes, en‐ quanto o volume exporta‐ do cresceu 14 vezes. Uma rasa (aproximadamente 14kg) de açaí em 1994 custava entre R$ 1 e R$ 2, afirma Rogez. Hoje, em plena safra, o preço está em torno de R$ 20, valor que ultrapassa emmuito a inflação. Oaçaí grosso, que era “comida de gente po‐ bre, virou chique”. ●
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