Revista Diário - 4ª Edição - Fevereiro 2015
O s cientistas garantem que, ao serem geradas, as ondas atingiriam 800 quilômetros por hora, ou seja, a mesma velocidade de um avião a jato. Com a aproximação da costa a velocidade diminui e o pico da onda aumenta, o que representaria a destrui‐ ção imediata de centros urbanos e a submersão dos escombros por tempo indeterminado. Segundo os cálculos estabelecidos pelos cientistas, essas ondas atingiriam a costa brasileira seis horas após o vulcão entrar em erupção. O poder de ação des‐ se suposto megatsumani alcançaria, ainda, a América Central e a América do Norte, ou seja, toda a costa ba‐ nhada pelo oceano Atlântico, incluindo parte da Euro‐ pa e África. “A possibilidade do vulcão Cumbre Vieja entrar em erupção, numa comparação satírica, é como o Santos (AP) do Acosta vencer o Barcelona, de Ney‐ mar e Messi”, tranquiliza o geólogo e consultor Antô‐ nio da Justa Feijão, da Amazon Global. Mas adverte: “Às vezes dá zebra. A possibilidade é remotíssima, mas, se acontecer, a velocidade de até 800 quilôme‐ tros por hora varreria muitas cidades costeiras do mapa, no entanto, dificilmente os estragos seriam tão grandes em Macapá, porque, além da distância entre a ilha de La Palma, onde está o vulcão, e Macapá, de 4.700 quilômetros, diminuiria a velocidade do pos‐ sível tsunami. A capital do Amapá possui escudos naturais, como as ilhas do arqui‐ pélago do Marajó, Caviana, Caxiana, Bai‐ lique e outras, que lamentavelmente se‐ riam devastadas”. O consultor explica, ainda, que a for‐ mação de vulcões se tornou comum des‐ de 360 milhões de anos atrás, quando houve a cisão do continente de Pangea, separando, de um lado, o continente afri‐ cano e, do outro, o americano. “A explica‐ ção científica é simples: a cada ano os continentes se distanciam entre 10 e 15 centímetros. À medida que eles vão avan‐ çando, automaticamente vão sendo com‐ primidas as placas tectônicas que, pres‐ sionadas, vão formando vulcões. Ao lon‐ go desses milhares de anos, formou‐se no meio do oceano Atlântico uma cadeia de montanhas mesoceânicas, surgindo centenas de vulcões, sendo que a maioria não vingou, como as ilhas de Fernando de Noronha e do Caribe, por exemplo”, pontua Feijão. ● Trajetória da onda após 6 horas ● Deslocamentos de terra provocarão a tsunami Demonstração fictícia de como uma erupção do Cumbre Vieja provocaria ondas aquáticas gigantescas (acima, à esquerda), Cumbre Vieja, adormecido? (a baixo) Revista DIÁRIO -Março 2015 - 67 La Palma Cumbre Vieja Brasil Ilhas Canárias
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