Revista Diário - 5ª Edição - Abril 2015

Adoençada escuridão A doença de alzheimer é um mal ca‐ racterizado por paradoxos fantásti‐ cos, pois é com o prolongar da vida que acumulamos informações e experiên‐ cias que precisamos armazenar e passar para as novas gerações. E é aí que mais precisamos da função cerebral, e onde es‐ sa patologia atinge e lesa de maneira cruel a memória humana. Quemmelhor caracterizou essa doença foi o grande escritor Gabriel García Már‐ quez na obra prima CemAnos de Solidão – os habitantes de uma pequena cidade na selva amazônica perdem a memória, che‐ gando a não reconhecer seus laços familia‐ raes. No entanto, no romance há um fim fe‐ liz coma chegada de cigano curandeiro que descobre um elixir, curando o mal. Não é o caso da realidade mundial em que a demência de alzheimer continua au‐ mentando a população dos desmemoria‐ dos no planeta. E não é que na mesma Co‐ lômbia surge uma luz no fim do túnel? Pesquisadores se voltam para Medelín e seus arredores, onde um tronco familiar apresenta aproximadamente 1% dos 27 milhões de portadores de alzheimer no mundo todo. As famílias colombianas sus‐ cetíveis à doença de alziheimer estão na vanguarda da pesquisa de prevenção com uso demedicamentos que tenhama função de evitar a deposição da proteína beta ami‐ lóide no tecido cerebral, mecanismo hoje entendido como causa da doença. Sabemos hoje que os medicamentos usados para o mal de alzheimer tratam apenas os sintomas cognitivos e não o pro‐ cesso básico da doença. Funcionam por tempo limitado de meses e alguns anos. O tratamento atual se volta para bio‐ marcadores diagnósticos que serão fer‐ ramentas importantes no diagnóstico precoce e proporcionarão o uso de me‐ dicamentos que impeçam chegar à irre‐ versibilidade do quadro clinico. A onda do alzheimer cresce exponen‐ cialmente à medida em que a população envelhece, porque a incidência aumenta com a idade. Estatísticas apontam para total apro‐ ximado de 39 milhões de idosos, nos Es‐ tados Unidos. E poderá atingir a cifra de 89 milhões de pessoas por volta de 2050, sendo a idade o maior fator de ris‐ co para a alzheimer. Aqui pensando, acredito piamente na ciência médica, e espero que os cientistas da neurociência consigamumresultado fe‐ liz, assimcomo o nosso grande GarcíaMár‐ quez, no célebre Cem Anos de Solidão. ● Aondado alzheimer cresce exponencialmente àmedidaemquea população envelhece, porque a incidência aumenta coma idade. Estatísticas apontampara total aproximado de39milhões de idosos, nos EstadosUnidos. E poderáatingir a cifrade89milhões depessoas por voltade2050. ViverBem DoutorCláudioLeão, clínico geral e chefe da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Camilo. Revista DIÁRIO - Abril 2015 - 11

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