Revista Diário - 5ª Edição - Abril 2015
Revista DIÁRIO - Abril 2015 - 30 Meioambiente S egundo o geólogo Antônio da Justa Feijão, CEO da Amazon Global, que tem sede em Macapá, o que ocorre na região é bem mais agressivo e grave do que o fenômeno conhecido como terras caídas. “Ao contrário do fenômeno terras caídas, em que a água do rio vai cavando a ribanceira até que ela cai por causa do colapso de peso, cuja ocorrência se dá apenas no Inverno, a erosão fluviomarinha se dá de forma permanente, diária, ininterrupta nas áreas de interflúvio oceânico e se acentua no período de cheias e de marés de sizigia (quando a Lua e o Sol exercem influência nas marés da terra de forma ali‐ nhada”, explica feijão. O geólogo garante que a erosão fluviomarinha que ocorre no Bailique é de uma intensidademuito acentua‐ da: “Nos locais onde ocorre o fenômeno terras caídas o rio só tem um sentido, por isso toda erosão se faz na di‐ reção montante jusante (da cabeceira vai à direção da foz), encerrando sua ação erosiva quando da chegada do verão”, que aponta acupação desenfreada das linhas co‐ mo a principal causadora da erosão atingir as ilhas do Bailique de forma tão intensa”. O desaparecimento da vegetação e a remoção de‐ senfreada de recursos vegetais deixaramo Bailique to‐ talmente desprotegido da erosão fluviomarinha, por‐ que a força da grande quantidade de água atinge fron‐ talmente as ilhas: “O que ainda protege, e assimmesmo tenramente essas ilhas, é a vegetação ainda existente, como açaizais, florestas de terras úmidas e outras, mas isso não quer dizer que se trata de uma proteção con‐ fiável, por conta da devastação que vem ocorrendo através da ocupação intensa e da exploração irracional na remoção dos recursos vegetais”. Desde meados de fevereiro deste ano os habitantes das oito ilhas que compõem o arquipélago vêm expe‐ rimentando momentos de sobressaltos, entremeados por pânicos e incertezas no que diz respeito ao futuro. A situação se agravou ainda mais depois que parte do prédio da Unidade Básica de Saúde (UBS) desabou, deixando os moradores das vilas Progresso e Macedô‐ nia (ilhas) semassistênciamédica. A força damaré ain‐ da derruboumais de 20 casas, e outras cerca de 40 cor‐ rem risco de desabamento. Por recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Prefeitura de Macapá decretou situação de emergência no distrito doBailique, como forma de pres‐ sionar o governo federal a liberar R$ 773mil provenien‐ tes de emendas parlamentares da ex deputada Dalva Fi‐ gueiredo (PT‐AP) destinadas ao Bailique, que serão uti‐ lizados para ajudar as famílias desalojadas. Odocumento foi assinado coma presença de vereadores, deputados e secretários domunicípio de Macapá. ● ILHASDO BAILIQUE podemser varridas domapa ● Erosões fluviomarinhas ameaçamumdosmaiores e mais bonitos arquipélagos domundo Várias ilhas do Bailique, um dos maiores e mais bonitos arquipélagos do mundo, estão ameaçadas de desaparecerem por conta de um fenômeno natural conhecido como erosão fluviomarinha.
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