Revista Diário - 5ª Edição - Abril 2015
D e acordo com Feijão, a inibi‐ ção da velocidade do Araguari o transformará, inexoravel‐ mente, numa espécie de rio lago, permitindo, inclusive, o que ele cha‐ ma de progradação da salinidade. Isso também mudará radicalmente a vida dos ribeirinhos, prejudicando a criação irresponsável de búfalos, a fauna, a flora e forte prejuízo à agri‐ cultura familiar. “Quando a empresa ECO Tumu‐ cumaque fez o Eia Rima da Usina de Ferreira Gomes, (ao lado da ponte) não teve a preocupação de incorpo‐ rar ao PBA (Plano Básico Ambien‐ tal) os fortes impactos sobre as po‐ pulações ribeirinhas do médio e do baixo Araguari; nessa mesma estei‐ ra o MP (Ministério Público) pouco fez para evitar ou mesmo corrigir esses impactos e danos impostos à população que mora ao longo das margens do rio, fazendo com que o Araguari esteja sofrendo um pro‐ cesso de lacrustização (transforma‐ ção em rio lago), processo esse que também já ocorre emoutros rios do nosso estado, tanto na área do Ama‐ pá como em Tartarugalzinho, am‐ bos municípios localizados na re‐ gião norte do estado e com forte re‐ lação entre bacias hidrográficas e o oceano”, critica Antônio Feijão. Para Força tarefa pode conter a destruição Revista DIÁRIO - Abril 2015 - 35 o geólogo, a morte do baixo Ara‐ guari como rio é iminente: “O que está ocorrente neste momento é que dois agentes externos e antro‐ pogênicos (que vieram do homem) estão acelerando esse processo, is‐ so é, matando o rio, tanto que o rio Gurijuba e vários igarapés já se co‐ nectaram ao Araguari, desviando parte considerável de sua grande força hídrica, que inclusive guer‐ reava bravamente com o oceano, formando o fenômeno da pororo‐ ca. Como o rio corre para o mar, os búfalos abriram canais de ligação com o Amazonas, que se transfor‐ maram em pequenos rios”. O geólogo alerta que a morte do rio não prejudica apenas a popula‐ ção ribeirinha, mas também dificul‐ tará e até mesmo inviabilizará a criação de búfalos. “Os próprios criadores pagarão essa conta”, sen‐ tencia. Ele defende a criação de uma força tarefa com participação de to‐ das as instituições envolvidas direta e indiretamente com a questão, co‐ mo o Iepa (Instituto de Estudos e Pesquisas do Amapá); prefeituras de Cutias do Araguari, Ferreira Go‐ mes, Amapá e Macapá; Unifap e Ueap; Embrapa e Agência Nacional das Águas (ANA). “Esses órgãos têm que ser chamados para discutir o as‐ sunto, para, primeiro, estudar o fe‐ nômeno dasmudanças hidrofluviais do Araguari; segundo, estabelecer prazo para finalizar bubalinocultura extensiva e, por fim, formatar a cria‐ ção de um centro de pesquisa ou uma plataforma acadêmica para es‐ tudos científicos do estuário amazô‐ nico, com o objetivo de promover estudos e pesquisas aplicadas com bolsa para mestrado e doutorado, a partir do exemplo do Centro de Ca‐ prinocultura de Sobral e do Progra‐ ma de Desenvolvimento dos Cerra‐ dos, criados e fomentados pela Em‐ brapa”, sugere. ● Foto: Divulgação
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