Revista Diário - 5ª Edição - Abril 2015

quinche. A Laguna Cejar tem uma concentração de sal maior que a do Mar Morto, então a onda é flutuar (se a temperatura permitir!). O vento é frio e cortante e, sendo bem sincera, não me deu a menor vontade de tirar meu casaco quentinho e cair em uma água tão fria que minha mão quase congela! A paisagem é linda, então achei que aproveitaria melhor o meu tempo ti‐ rando fotos do que conseguindo uma hipotermia. Pa‐ ramos na Laguna Tetbinquinche para ver o pôr‐do‐sol: a montanha ao fundo fica rosada com a luz caindo e reflete no lago, uma cena linda! Tudo isso com direito a aperitivos e um delicioso Pisco Sauer. Chegando no hotel, começou a odisseia, que consi‐ dero a mais arriscada de toda a viagem: fui carregar a bateria daminhamáquina para o outro dia, quando não encontrei o cabo do carregador! Desesperada, procurei em toda a mala, em uma vaga esperança de que tivesse caído por lá, mas foi em vão. O cabo estava perdido em algum lugar do deserto, commaiores possibilidades de encontrar uma agulha em um palheiro do que recupe‐ rá‐lo. Rodei San Pedro inteira atrás de outro cabo, mas a cidade é pequena e não consegui achar outro similar. Até encontrei um carregador que se diz universal, mas não serviu pra carregar a bateria da minha máquina. Não acreditei que tinha me deslocado até San Pedro e só poderia tirar fotos do Atacama do meu smartphone! A solução surgiu no local mais improvável: indo jantar, encontrei um tripé na porta de umbar, e entrei pra ten‐ tar encontrar o seu dono. Era do filho do proprietário do bar. Ele me falou que a bateria da sua máquina não serviria, mas o cabo do seu laptop sim. Deixei a bateria com ele naquela noite e na manhã seguinte fui pegá‐la, já carregada. Obviamente tive que usar de sua boa von‐ tade outras vezes durante a viagem, e ele me ajudou, sempre simpático. A esse herói anônimo devo a exposi‐ ção fotográfica que realizei. Com a bateria literalmente carregada, peguei a es‐ trada a pé e fui visitar as ruínas da Pukara de Quitor. Acerca de três quilômetros da cidade, essa fortaleza foi construída no século XII na encosta de ummorro. Os ha‐ bitantes ficavam protegidos e podiam observar toda a região, descobrindo com antecedência a aproximação de inimigos. Ela resistiu durante vários anos ao domínio espanhol, mas em 1540 caiu. Para intimidar a resistên‐ cia de outros povos, os espanhóis decapitaram 300 guerreiros atacamenhos e penduraramsuas cabeças na muralha da fortaleza. No alto da Pukara foi construído ummonumento em homenagem a eles. No quarto dia aproveitamos para conhecer melhor a cidade: visitamos o Museu Arqueológico Gustave Le Paige, que leva o nome de um padre jesuíta belga que se radicou em 1955 em San Pedro de Atacama e co‐ meçou, junto ao seu trabalho pastoral, a estudar o passado do povo atacamenho. À tarde fomos à Ter‐ mas de Puritama. Aí sim, dei um belo mergulho! As termas ficam dentro de um canion, abrigado do vento forte e gelado, e as águas são quentes (não tanto quanto de Caldas Novas, mas o suficiente pra você Revista DIÁRIO - Abril 2015 - 59

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