Revista Diário - 5ª Edição - Abril 2015
O CEO da Amazon Global, geólogo Antônio Feijão, fez estudo sobre a realidade agrícola do Amapá desde os primórdios da civilização na região e os reflexos para o futuro dos números atuais. “Em 2009, metade dos 4,6milhões de hectares se converteramna floresta estadual de produção. Agricultura se faz prin‐ cipalmente comsegurança jurídica, logística e financia‐ mentos. Sem o titulo definitivo da terra não se tem o fi‐ nanciamento. Por exemplo: o Imap (Instituto do Meio Ambiente do Amapá) já registrou 12 glebas (áreas de grande dimensão), que estão discriminadas pela União, já devidamente inventariadas topograficamente pelo Instituto e registradas em cartório. Com base na reali‐ dade atual, posso afirmar com segurança que, conside‐ rando as boas perspectivas do cultivo de soja emilho, o Amapá deverá produzir 40mil toneladas até o inicio de 2016, o que, de certa forma, poderá garantir o equilíbrio entre a produção e o consumo de alimentos no estado”. O geólogo lamenta que, apesar do grande potencial agrícola, o Amapá produz pouca quantidade de man‐ dioca e milho, emergindo a soja como o único produto de exportação, assim mesmo em pequenas quantida‐ des, cujo escoamento é feito pelo vizinho estado do Pa‐ rá. “Na contração da vocação agrícola do estado, o Ama‐ pá figura apenas como importador de alimentos”, la‐ menta Feijão. O geólogo mostra a contradição entre o potencial produtivo e a realidade agrícola amapaense: “A Farinha consumida no estado chega a ser 70% im‐ portada de outros estados. A produção no Amapá chega apenas a 30%. A mandioca produzida, aqui, é feita no formato de dois mil anos atrás, ainda de forma artesa‐ nal, não havendo até os dias atuais a evolução tecnoló‐ gica exigida, resultando na ínfima produção, tanto que, comparativamente, enquanto o estado do Ceará produz de 15 a 40 toneladas por hectare, no Amapá a produção não chega a 5 hectare”. A mudança dessa realidade, na opinião de Antônio Feijão, passa, obrigatoriamente, pela melhoria dos ser‐ viços públicos de Saúde, Educação e Cultura. “O campo está deixando de ter jovens. Commuitas opções de es‐ tudos fomentadas pelo governo federal, os jovens estão deixando de morar no campo, o que ameaça inexora‐ velmente a nova geração da agricultura, tanto que a ge‐ ração atual do campo está quase totalmente nas zonas urbana, num êxodo rural preocupante no que diz res‐ peito ao futuro da agricultura. Antônio Feijão analisa o que chama de “os três pa‐ tamares” do setor agrícola no Amapá: “O extrativismo, que é o eterno vassalo da generosidade de Deus, pelo fato de que se tira açaí e se pesca porque foi Deus quem deu; a agricultura familiar, porque o governo fe‐ deral colocou o homem no campo, mas não deu a sus‐ tentabilidade necessária para as suas economias ru‐ rais; e, a nova agricultura de estado (soja, milho e grão em gerais). As duas primeiras entraram em processo de estagnação porque o extrativismo ficou com falta de mão de obra, a agricultura familiar por falta de fi‐ nanciamento e suporte técnico, enquanto que a agri‐ cutura de escala, para crescer, precisa de título de pro‐ priedade da terra e de licenciamentos mais compatí‐ veis com a dinâmica dessa atividade”. Um dos principais problemas para a produção agrícola, para o geólogo, é a falta de celeridade para o licenciamento, cujo processo demanda atualmente muito tempo para ser concluído. “Um exemplo claro é que hoje se você for solicitar um licenciamento de um plantio em maio só será liberado em novembro. Essa demora acaba inviabilizando projetos importantes, fa‐ zendo com que a agricultura no Amapá definhe cada vez mais, em vez de crescer de acordo com a nossa vo‐ cação agrícola”, pontua. ● Setor agrícola tem previsão otimista para os próximos anos Revista DIÁRIO - Abril 2015 - 77
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