Revista Diário - 6ª Edição - Maio 2015
P ortadores de um transtorno de perso‐ nalidade chamado antissocial, os socio‐ patas podem representar até 3% da po‐ pulação. Mas, para compreendê‐los melhor, precisamos entender o seguinte conceito: to‐ dos nós somos dotados de uma capacidade de intuir o que o outro está sentindo e pensando. A isso, chamamos de empatia. Através dela, somos capazes de sentir (sofrer, sorrir, cho‐ rar...) com o outro e de levar essas emoções em consideração, antecipadamente, na hora de organizar nosso comportamento. É essa capacidade que nos torna seres sociais. Fun‐ ciona como um excelente freio: temos vonta‐ de de xingar quem nos fez mal e às vezes de surrar – mas a mera antecipação do sofrimen‐ to alheio a ser causado nos impede de seguir adiante. E é essa capacidade que está total‐ mente ausente nos sociopatas. Dessa forma, sociopatas são capazes de trazer todo tipo de sofrimento a outras pes‐ soas, sem que tenham o menor sentimento de culpa, já que são totalmente desprovidos de empatia. Podem manipular, mentir, roubar e matar sem que isso lhe traga o menor sofri‐ mento. E com um agravante: não há trata‐ mento conhecido, correção ou possibilidade de recuperação. E como não são poucos, muitos países re‐ conhecem que esses indivíduos não podem ser julgados como as demais pessoas, independen‐ te da idade. Na Suécia, por exemplo, o adoles‐ cente que comete delito é avaliado por uma junta commédicos e psicólogos e, caso consta‐ tado transtorno antissocial, esse recebe julga‐ mento diferente dos demais. Tenha certeza que você já cruzou com uma centena deles por aí ou mesmo está reconhe‐ cendo‐os da TV (sim, aquele goleiro ou a garota que matou os pais e que não conseguiram de‐ monstrar nenhum arrependimento diante das câmeras). Resta agora discutir se você acha justo que eles não sejam punidos com rigor por crimes cometidos na adolescência, mesmo sa‐ bendo que são conscientes de seus atos, inteli‐ gentes e incorrigíveis. ● Revista DIÁRIO -Maio 2015 - 13 ViverBem DoutorAlessandroNunes, médico professor da Unifap, especializado em Clínica Médica pela Unifesp, e Geriatria, pela USP. Maioridade Penal e a questão dos sociopatas No últimomês, a Câmara dos Deputados instalou uma comissão especial que irá analisar o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 171/93) que reduz de 18 para 16 anos amaioridade penal no país. Tema pra lá de complexo e que divide a opinião de especialistas e da população emgeral. Mas, para entender porque alguns países preferemanalisar caso a caso, ao invés de estabelecer uma idade fixa, conheça quemé o que é capaz de fazer umsociopata. AlessandroNunes
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