Revista Diário - 6ª Edição - Maio 2015

Revista DIÁRIO -Maio 2015 - 35 Melhor ser pobre no interior oumorar emponte nacidade? A pergunta que fica no ar é exatamente essa: ser pobre na cidade ou no interior? O estatístico Raul Tabajara, do IBGE no Amapá, diz que em‐ bora se tenha hoje famílias em comunidades do inte‐ rior com pouca ou quase renda alguma, dados rela‐ cionados à qualidade da alimentação, à base de frutos e peixes, por exemplo, deixam‐nas em vantagens comparativas em relação àquelas que moram nos bol‐ sões de pobreza dos perímetros urbanos de Macapá e Santana. “E aqui, mesmo com algum dinheiro, ainda que garantidas por progra‐ mas federais de transferên‐ cia de renda, elas ainda pos‐ suem despesas com servi‐ ços e consumo, seja do transporte, vestuário e ou‐ tras necessidades”, diz o es‐ pecialista. RESPOSTA Tabajara cita dados ofi‐ ciais para dizer que gente pobre do interior do estado está garantindo uma quali‐ dade nutricional que parâ‐ metros da Organização Mundial da Saúde (OMS) preconizam como minima‐ mente aceitáveis para que se tenha boa qualidade de vida. Nas cidades, diz, a população carente acessa as proteínas do frango congelado que vem dos grandes centros produtores do país. “Hoje observamos que o consumo de frango congelado subiu tanto que nos tornamos o maior consumidor per capita do país com mais de 30 quilos por pessoa ao ano”, acrescenta o es‐ pecialista do IBGE. ● Nem sempre ter renda baixa é sinônimo de baixa qualidade de vida, segundo especialista Especialista diz que mesmo sem uma renda importante, quemmora no interior ainda consegue acessar uma alimentação de qualidade. Reportagem: Cleber Barbosa . para o Banco Mundial, denominado “Pobreza, desenvol‐ vimento e política social, o caso do estado do Amapá”, consta que foram três momentos pontuais que contribuí‐ ram para o fluxo migratório em direção ao Amapá. Nos ano 50 e 60 com a Icomi, em Serra do Navio; nos anos 80 com a Jari Celulose e nos anos 90 com a criação da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana. “Em descom‐ passo com as reais possibilidades associadas a ela em termos de geração de emprego e renda, levando a um for‐ te crescimento demográfico do município da capital e ao longo do eixo Macapá e Santana”, diz a pesquisadora em seu relatório. Sônia Rocha diz que a identificação de pequenas man‐ chas de minério de ouro tem levado à formação de cor‐ rentes migratórias eventuais, que exercem pressão de‐ mográfica significativa em nível local, dadas as caracte‐ rísticas de baixa densidade no estado. ● ● Alagado - No Amapá, moradias pobres não são chamadas de favelas. Foto: IBGE

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