Revista Diário - 6ª Edição - Maio 2015
Atualidade Revista DIÁRIO -Maio 2015 - 36 O parâmetro de renda utilizado como linha de po‐ breza é uma escolha do analista. Optou‐se na pesquisa da professora Sônia Rocha por adotar linhas de pobreza definidas para a região Norte a par‐ tir de informações de consumo observado dentre as famílias de baixa renda e da evolução dos preços ao consumidor por grupos de produtos nas metrópoles. Especificamente, as linhas de pobreza utilizadas fo‐ ram construídas a partir da cesta alimentar de menor custo, observada em Belém, permitindo atender às necessidades nutricionais médias de 2.055 calorias por pessoa ao dia. Os valores estabelecidos para o Amapá levam em conta que em áreas urbanas e rurais, como é o caso das áreas em estudo no estado, o custo de vida para os pobres é mais baixo do que na metró‐ pole regional. A partir do valor da linha de pobreza para Belém calculado a preços de agosto de 2000, da‐ ta de referência do Censo Demográfico, os valores per capita mensais para Amapá foram estimados em R$ 80,74 e R$ 46,02, respectivamente para áreas urbanas e rurais. Macapá já concentra quase 60% da população do estado, o que se coloca como questão central qual o padrão desejável de repartição espacial de população. “Dada a evolução demográfica e produtiva no estado, é legítima a preocupação com a incidência de pobreza, que pode se agravar em função da migração, do aban‐ dono de atividades tradicionais na área rural e da ur‐ banização descontrolada”, diz Sônia Rocha. ● Déficit habitacional não é dos piores, diz estudo A população do Amapá, na contagem ocorrida em 2007, foi de 587.153 habitantes, com o detalhe de que esse levantamento tem como data de re‐ ferência o dia 1 de abril. Nessa data também foi iden‐ tificado que havia cerca de 142 mil domicílios no es‐ tado, sendo que 121 mil estavam ocupados, o que pro‐ porciona uma média de 4,6 pessoas por domicílio. Pa‐ ra Tabajara, é preciso se levar em consideração que es‐ se dado não é de um todo ruim. “Temos ouvido na im‐ prensa em geral que um dos maiores problemas do es‐ tado é o grande déficit de moradia. Ao observarmos a taxa de 4,6 pessoas à luz de uma análise superficial, parece‐nos que essa preocupação é um pouco alarmis‐ ta, tendo em vista que menos de cinco pessoas por do‐ micílio é completamente normal para a realidade ama‐ paense”, diz o estatístico. Quando especialistas analisammais profundamente as informações ofertadas pelo Recenseamento Geral de 2000 e pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí‐ lio (PNAD), temos um quadro que merece atenção es‐ pecial por parte das autoridades que determinam e pla‐ nejam a política habitacional. Aproximadamente 30% dos domicílios do Amapá possuem apenas um cômodo, e esses domicílios apresentam o número de moradores acima da média do estado, girando em torno de 5,5 pes‐ soas por domicílio. Praticamente a metade dos domicí‐ lios do estado não possui banheiro interno e a água con‐ sumida têm origem em poço amazônico, isso significa que consomem água não tratada. “Essas informações mostram que a melhoria da qualidade dos domicílios é urgente e necessária para a elevação da qualidade de vida da população, e esses dados apontam para a urgên‐ cia imediata de uma política pública firme nessa dire‐ ção”, diz Raul Tabajara, estatístico do IBGE‐AP. ● INTERIOR ● Sônia Rocha pesquisou o perfil de gente mais carente do Amapá e faz referências ao fluxo migratório. ● Tabajara diz que na zona rural dá para ter qualidade de vida saudável com alimentos da natureza, como peixe.
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