Revista Diário - 6ª Edição - Maio 2015

Revista DIÁRIO -Maio 2015 - 72 “O coração não pára. Uma breve interrupção no ritmo de seus 70 a 80batimentos, emmédia, por minuto, pode ser fatal. Uma acelerada incomumtambémpode custar a vida. Responsável por bombear para todo o corpo o sangue oxigenado, ele é a peça essencial quemantémem funcionamento a engrenagemchamada corpo humano. Se ele não trabalha, tudo pára. Hoje, no Brasil, a cada doisminutos uma pessoamorre porque o coração não deu conta de desempenhar suas tarefas”. Saúde: doenças cardíacas acendem sinal dealerta Reportagem: Ramon Palhares e Danúbia Passos Saúde O alerta acima é da cardiologista Ana Chucre ao ser questionada sobre as incontáveis mortes causa‐ das por problemas cardíacos, inserindo nesse contexto a que vitimou o repórter fotográfico do Sistema Diário de Comunicação, Samuel Silva. A especialista afir‐ ma que no Brasil as doenças cardíacas serão a principal causa de morte nos próximos 25 anos e, atualmente, são responsáveis por 30% das mortes no país. Na análise de Ana Chucre, esse percentual pode mui‐ to bem ser aplicado ao Amapá: “Seria uma irresponsa‐ bilidade muito grande fazer uma afirmação concreta que o Amapá apresenta o mesmo índice nacional, já que não há levantamentos oficiais sobre a questão, mas a inci‐ dência é muito alta, e pode ser, sim, que o estado esteja dentro dessa média. As mortes aqui, proporcionalmente, podem ser ainda maiores, pelo fato gravíssimo de que o Amapá não possui uma só unidade coronariana, nem na rede pública e tampouco na particular”, denuncia. Ainda conforme Ana Chucre, dados oficiais mostram que a incidência de cardiopatia congênita no Amapá é de 1%, significando dizer que em cada 100, uma pessoa é acometida de cardiopatia congênita, semelhante à mé‐ dia mundial. “Infelizmente, todos que nascem no Amapá com cardiopatia congênita e precisam de intervenção e não são removidos para centros especializados ,mor‐ rem, exatamente pela falta de uma unidade coronariana. Só no início deste mês morreram duas crianças enquan‐ to esperavam remoção e três estão na UTI do Hospital da Criança, aguardando ser transferidas pelo TFD (Tra‐ tamento Fora de Domicílio)”, lamenta. Com a urbanização, conforme analisa a médica, as pessoas mudam o hábito de vida: passam a comer mais e a fazer menos exercícios, ocorrendo os casos de obe‐ sidade e o aumento das taxas de colesterol e de triglice‐ rídeos, o que implica dizer que falta a prevenção, que é uma questão de saúde pública: os fatores de risco não estão controlados. “Nessa matemática de viver mais e nem sempre da melhor maneira, quem sente é o coração. Por isso, ele mata tanto. Ao longo da vida, nem todos se preocupam com ele e, quando dá sinais de complicações, às vezes é tarde demais. No Brasil, das mais de 1 milhão de pessoas que morrem por ano, pelo menos 394 mil são por causa do coração. Esse número é resultado de altas taxas de colesterol, pressão alta e aumento dos casos de obesi‐ dade. São fatores de risco clássicos que todos já sabem que representam riscos para doenças cardíacas”, explica Ana Chucre. ●

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