Revista Diário - 6ª Edição - Maio 2015
Revista DIÁRIO -Maio 2015 - 76 E ssa obstrução, de acordo com o geólogo Antônio da Justa Feijão, foi feita de forma criminosa, porque tirou da Lagoa a sua provisão determinante, a água. “Em 2014, na pressa de dar andamento à constru‐ ção da estrada, o governo do estado aterrou criminosa‐ mente uma grande extensão da Lagoa dos Índios, resul‐ tando num cenário dantesco: de um lado uma área seca, degradada, que passou a ser alvo de focos de incêndios – um verdadeiro paraiso destruído pelas chamas decor‐ rentes da ignorância e do pervertimento ambiental; do outro lado, uma parte úmida, que ainda tenta uma rea‐ ção natural de sobrevivência, coisa que, infelizmente, re‐ presenta pura e simplesmente brados dos expertores da morte”, lamenta o especialista. Ao contrário do que muita gente sempre imaginou, a Lagoa dos Índios não se restringe à área visível ao lon‐ go da rodovia Duca Serra: vai muito além. De acordo com Feijão, a destruição do estuário vem sendo feita há muito tempo, desde a degradação do Igarapé da Forta‐ leza até o seu leito. “A Lagoa dos Índios tem a função de ser o berçário da fauna aquática do Igarapé da Fortaleza, que por si só sofre forte pressão de Santana, significando dizer que o igarapé já não possui nenhuma outra fonte que lhe dê suporte”, pontua. “Na altura do encontro do final da Avenida Claudo‐ miro de Moraes com o Igarapé da Fortaleza começa a nascer outra dura realidade: além do ataque de grandes olarias e a ocupação humana, tem as fazendas de gado que derrubaram as matas ciliares. Na rodovia Duca Ser‐ ra, após a AAAB (Associação Atlética Banco do Brasil) e um pedaço do Alvorada, os bairros Universidade‐Zerão, Muca, Congós, e avenida 13 de Setembro, no Buritizal, estão inseridos na área de ressaca que compreende a La‐ goa”, posiciona geograficamente o geólogo, complemen‐ tando: “Para que se tenha idéia de sua grande extensão, a Lagoa dos Índios também abrange a área que antes abrigava a estrutura física da usina de asfalto, onde, tam‐ bém sem lincenciamento e sem o necessário estudo dos Lagoa dos Índios: um paraíso perdido MeioAmbiente Lagoa dos Índios, que no passado recente era umdosmais importantes cartões postais deMacapá, estámorrendo, sufocada pela poluição ambiental criminosa imposta por moradores de seu entorno e pela própria administração pública, que insensível à importância daquele grande estuário – um ricomanancial da fauna e da flora – acabou por decretar amorte de umdos últimosmananciais naturais deMacapá, ao seccionar o canal que levava as águas do Igarapé da fortaleza à Lagoa para viabilizar a construção da rodoviaNorte-Sul. Reportagem: Ramon Palhares Fotos: Antonio Feijão
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