Revista Diário - 6ª Edição - Maio 2015
ciá‐los dos Galibi do Oiapoque, e fragmentos de sua lín‐ gua original são ainda empregados em rituais religiosos. Em se tratando de organização política e de luta pela terra e seus direitos, os índios do Amapá contam com o apoio do Cimi, criado em 1972, durante a Ditadura Mili‐ tar, sob influência das ideias do frei Leonardo Boff, ideó‐ logo da Teologia da Libertação. Sua atuação tinha por propósito articular ações entre os povos indígenas atra‐ vés de assembleias in‐ tertribais para a defesa da diversidade cultural. Com o auxílio da Comis‐ são Pastoral da Terra vinculada à Igreja Católi‐ ca, o Cimi incorporou bandeiras dos povos da floresta e de movimen‐ tos políticos e sociais co‐ mo o MST (Movimento Sem Terra) pluralizando e unificando lutas antes isoladas para a inclusão definitiva desses seg‐ mentos socialmente ex‐ propriados e sem direito à cidadania. A denominação “Povos Indígenas do Oiapoque” sur‐ giu na década de 1970, no rastro das reivindicações pe‐ la demarcação das terras e contra a presença de gran‐ des projetos empresariais, além dos danos da BR 156 nas áreas indígenas. Em 1991, foi fundada a Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque (Apio) para repre‐ sentar as etnias ali situadas. Como sinal de tempos no‐ vos, os galibis conseguiram eleger vereadores em Oia‐ poque e, em 1996, foi eleito o primeiro prefeito indíge‐ na do município, João Neves. Além das vertentes cató‐ licas, o protestantismo também passou a atuar entre as comunidades indígenas com o projeto “Missão no‐ vas tribos do Brasil” para converter os “gentios” à cau‐ sa evangélica e afastá‐los do catolicismo que então do‐ minara os povos marcadamente politeístas. Entre 1965 e 1977, o Summer Institute Of Linguistics (SIL), penetrou entre os Palikur a partir da aldeia Kume‐ nê Palikur e nos anos 1980, foi fundada uma congrega‐ ção filiada à Assembleia de Deus, que arrebanhou em pouco tempo um grande séquito de fiéis nos aldeamen‐ tos. O recrudescimento do catolicismo se deu novamen‐ te por meio do CIMI e da Pastoral Indígena trazendo um maior suporte de politização ao conteúdo espiritual, ideologicamente ligado, como antes, à Teologia da Liber‐ tação. E assim, as tribos seguem a “canoa” adentro no curso d’água da história. ● Revista DIÁRIO -Maio 2015 - 81 Entre cursos d’água curtos ou extensos, comdiferentes lín- guas e dialetos, os índios se afirmam, pluralizando e unificando lutas antes isoladas para a inclusão definitiva. Buscas Foto: Mário Vilela/FUNAI
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