Revista Diário - 7ª Edição - Junho 2015
Revista DIÁRIO - Junho 2015 - 18 Infra-estrutura A Perimetral Norte foi planeja‐ da no auge do desenvolvi‐ mentismo econômi‐ co do re‐ gime militar para cortar a Amazônia brasileira desde o Amapá até à fron‐ teira colombiana, no estado do Ama‐ zonas, fazendo parte do chamado Plano de Integração Nacional, o PIN. No Amapá, foi iniciada em 1973 aproveitando os 102 quilômetros já construídos pela mineradora Icomi (Indústria e Comércio de Minérios S.A) para exploração de manganês em Serra do Navio. Saindo de Maca‐ pá, o projeto foi suspenso em 1977 depois de 170 km construídos que hoje terminam dentro da Terra Indí‐ gena Waiãpi. Em Roraima – onde a estrada atende a muitos municípios e comu‐ nidades – foram implantados inicial‐ mente os trechos de São João da Ba‐ liza até Caracaraí e de lá até o rio Re‐ partimento, seguindo até a Missão Catrimani. Esta última porção foi de‐ sativada no ano de 2004 devido a fal‐ ta de manutenção de pontes e desli‐ zamento de barrancos. Da Missão Catrimani a estrada foi construída até o Posto Indígena Demini, já no estado do Amazonas. OCUPAÇÃO Emílio Garrastazu Médici, o pre‐ sidente que um ano antes havia co‐ mandado a inauguração da Transa‐ mazônica, defendia à época que aqueles investimentos eram para convidar “os homens sem terra do Brasil a ocuparem as terras sem ho‐ mens da Amazônia”. A Perimetral Norte cruzava di‐ versos territórios indígenas de po‐ vos com pouco ou quase nenhum contato com a sociedade do entorno, cortando uma grande extensão do território Yanomami. Entre 1973 e 1978 os Yanomami sofreram com epidemias que reduziram drastica‐ mente sua população, levando medo e desestruturação a várias comuni‐ dades, antes em paz na floresta. Morte, desnutrição, alcoolismo, mendicância, dependência e prosti‐ tuição foram algumas das conse‐ quências dessa empreitada, segun‐ do lideranças indigenistas da época. “Trechos da estrada sumiram, engo‐ lidos pela floresta. Os poucos tre‐ chos ainda em uso, ficam intransitá‐ veis em todo o período das chuvas. O objetivo era a integração ‐ sem se preocupar muito com a preservação, a bem da verdade”, diz o geógrafo Jo‐ sé Alcemar Wolfman, que coorde‐ nou um trabalho de pesquisa sobre as grandes obras de infraestrutura do regime militar. Em Roraima, a BR 210 possui ho‐ je 411,7 quilômetros abertos, saindo do rio Jatapu à Missão Catrimani. Todo este trecho encontra‐se asfal‐ tado, embora muitos segmentos em estado crítico de conservação. Co‐ necta as cidades de Caroebe, São João da Baliza, São Luiz e Caracaraí, ● Paraoentãopresidente Médici, aaberturade estradasna região amazônicaerauma forma degarantir presençado Estadobrasileiroemáreas remotas,Na foto, registros da inauguraçãoda Transamazônica, em1970, queaindahojenão foi asfaltada. As controvérsias sobreaobra da PerimetralNorte
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=