Revista Diário - 8ª Edição - Junho 2015

P rimeiramente, um esclarecimento: nem toda virose é uma gripe! Se os jogado‐ res apresentavam sintomas leves como coriza, dor de garganta, tosse seca e espirros, é provável que eles estavam sofrendo de res‐ friado comum. Ao contrário do que muitos pensam, gripe é menos comum e um pouco mais grave, trazendo sintomas como febre, dores no corpo, mal‐estar, fraqueza, dor de cabeça e nódulos cervicais. Essa divisão é importante porque, segun‐ do o Colégio Americano de Medicina Espor‐ tiva, as atividades físicas só podem ser reali‐ zadas no caso de sintomas leves, que não apresentem dores no corpo, febre e cansaço, por exemplo. Nesses casos leves, as ativida‐ des físicas moderadas (como as caminhadas) parecem não ser prejudiciais, não agravando o caso e não comprometendo o desempenho físico. Acredita‐se até que as endorfinas libe‐ radas por esses exercícios funcionam como efeito analgésico e relaxante muscular e, por isso, ajudam a aliviar os sintomas leves. A exceção fica para as atividades intensas (como partidas de futebol), que são contrain‐ dicadas mesmo na presença de sintomas le‐ ves de resfriado comum, já que pioram os sintomas e aumentam os riscos de complica‐ ções como pneumonias. Sabendo disso, só nos restam duas con‐ clusões possíveis: ou os jogadores não apre‐ sentavam sintomas respiratórios e, por isso, foram escalados para a partida contra o Pa‐ raguai, ou nossos atletas estavam realmente com um resfriado comum e foram liberados de forma irresponsável para exercerem uma atividade física extenuante como foi a partida na Copa América. De qualquer forma, a impressão não é fa‐ vorável à delegação de Dunga. Mas conhecen‐ do o histórico de desculpas dadas após der‐ rotas dentro de campo, que já foram de “água batizada” (Copa de 90) a crises epilépticas (Copa 98), melhor nosso treinador procurar outra desculpa para o desempenho de nossa Seleção. ● ViverBem DoutorAlessandroNunes, Médico professor da Unifap, especializado em Clínica Médica pela Unifesp, e Geriatria, pela USP. Desculpas esfarrapadas AlessandroNunes No dia 27 de junho, a Seleção Brasileira de Futebol foi eliminada da Copa América após empate como Paraguai e, ao fimda partida, o técnico Dunga trouxe a revelação de que 15 jogadores brasileiros jogaram a competição “gripados”. Mas afinal, umatleta pode disputar uma partida de futebol comalguma infecção respiratória? E se for liberado, essa virose pode atrapalhar o desempenho do atleta? Revista DIÁRIO - Julho 2015 - 13

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