Revista Diário - 8ª Edição - Junho 2015

Revista DIÁRIO - Julho 2015 - 23 O quadro mostrado pela pesquisa é completamente incompatível com a realidade do Amapá, na avalia‐ ção do sociólogo Eduardo Campos do Amaral. Ele reconhece que o estado apresenta muitas deficiências, mas o quadro não é de extrema pobreza: “Não é preciso ser especialista para constatar que o levantamento do IBGE está completamente na contramão da rea‐ lidade habitacional do estado. Nos últimos dez anos, Macapá, a capital, deu um salto gigan‐ tesco no setor de habitação, com o surgimento de gran‐ des condomínios, conjuntos habitacionais de grande porte, passando a possuir, inclusive, o segundo maior conjunto habitacional do país (o Cidade Macapaba), que quando concluído – e isso está perto de acontecer, vai abrigar cerca de cinco mil famílias”. O sociólogo supervaloriza o comentário feito pelo su‐ pervisor de disseminação de informações do IBGE no Amapá, Joel Lima, de que resultado da Pnad não é estan‐ que, mas maleável: “Eu digo até que essa maleabilidade é enorme, considerando o exemplo que ele próprio, o su‐ pervisor, deu, o de uma família rica que não consome água da rede geral, e sim de poço artesiano, mas que não entra como habitante de domicílio adequado por não se enquadrar no crité‐ rio abastecimento, mesmo vivendo confortavelmente”. O sociólogo reclama que o Amapá, apesar dos avanços em várias áreas ao longo dos anos, recente‐ mente vem sofrendo “ata‐ ques dos mais sórdidos”, colocando o estado, sem‐ pre, na retaguarda nacio‐ nal: “O que eu fico mais im‐ pressionado é que nin‐ guém reage; os maiores in‐ teressados silenciam, acei‐ tando passivamente essa desqualificação política e social contra um dos estados que mais se desenvolveram no país desde a promulga‐ ção da Constituição de 1988. Já é tempo de dar um basta nessas ofensas recorrentes, porque sem nenhuma dúvi‐ da o Amapá emerge como um dos melhores estados pra se morar”. Para o sociólogo, o Ministério Público Estadual já deveria ter tomado providências para conter o que chama de “onda de achincalhe”, abrindo procedimentos para apurar eventuais cri‐ mes coletivos praticados contra a popula‐ ção: “O papel do Ministério Público não é só nas áreas política e de saúde, como tem ocorrido constantemente. Os danos decorrentes dessas pesquisas, levanta‐ mentos, estudos e outras denominações parecidas elevam ou baixam o astral das pessoas, mexem com o espírito, a vaidade, e até mesmo o sentido da própria vida”. Segundo Eduardo Campos do Amaral, informa‐ ções desprovidas de embasamento científico, fora do contexto da realidade, podem provocar danos à popula‐ ção: “Esses danos são irreversíveis, inclusive depressão, principalmente em amapaenses que amam esta terra e que acompanharam e contribuíram para o seu desen‐ volvimento incontestável desde a condição de vila do Pará, passando pelo território federal, chegando à con‐ dição de estado, e com foco dos dias atuais, mas acabam tendo seus sonhos de futuro destruídos por pessoas que, sem qualquer escrúpulo, colocam o Amapá em uma si‐ tuação de penúria, deixando‐o atrás até mesmo das pio‐ res favelas do país, às voltas, recorrentemente, com seus problemas de criminalidade e caos social”. ● Para sociólogo, realidade ébemdiferentedos levantamentosdoIBGE

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