Revista Diário - 8ª Edição - Junho 2015

Diário – Isso também é decorrente do ajuste fiscal? Antônio Teles – Não. O ajuste fiscal é a medida necessária para se reverter a crise. A ideia básica é restabelecer o nível de confiança da política econômica. A grande questão é que é muito difícil fazer isso quando se está diante de uma crise política. Diário – Para a reversão desse quadro, o que é imprescindível, no momento? Antônio Teles – Para se avançar no ajuste fiscal o Congresso Nacional é imprescindível, mas falta foco no debate. Sinto, pessoalmente, que José Sarney está fazendo falta na República. Diário – Como? Antônio Teles – De 1994 para cá o senador José Sarney foi fundamental para a construção de consensos durante os momentos de crise. Diário – Esse panorama nacional, além da inflação, obviamente, impacta o Amapá, estado que ainda engatinha, por assim dizer... Antônio Teles – Sem dúvida nenhuma. O Amapá é a parte frágil da crise, depende muito do cenário nacional. Mas essa crise pode lançar luz sobre novas oportunidades, e o governo Waldez tem se empenhado em tentar superar a atual situação, no intuito de mobilizar as forças produtivas do estado. E tem sido assim com o foco na construção do corredor logístico via Porto de Santana, inclusive com esforço dele e dos demais agentes políticos, em especial o prefeito Robson Rocha, de Santana. Queremos incluir o porto no novo programa nacional de logística. Além, temos buscado avançar na consolidação do corredor de produção de alimentos no cerrado amapaense. Diário – Todos veem que a administração de Waldez Góes ainda não deslanchou. Isso levaria a uma preocupação com vistas às eleições municipais do ano que vem? Antônio Teles – De forma alguma. A preocupação da gestão é outra, não as eleições. Temos que ter maturidade para passar pela crise sem que ocorra o agravamento da situação fiscal. Temos que passar pela crise, com cautela, pois isso pode comprometer ainda mais os serviços públicos essenciais. As eleições são importantes, mas o foco é estabelecer as condições básicas dos serviços públicos ofertados à sociedade. Se fôssemos pensar somente nas eleições, pouco iríamos avançar nas questões estruturais. A crise nos impõe a ideia de Churchill a respeito da figura do estadista, cujo foco tem de ser a próxima Revista DIÁRIO - Julho 2015 - 42 Entrevista Secretário do planejamento, Antônio Teles Júnior traça umpanorama sombrio sobre a atual realidade do Amapá, porémacredita que commedidas ora tomadas o estado pode voltar a retomar uma tranquilidade.

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