Revista Diário - 8ª Edição - Junho 2015

geração, não a próxima eleição. Diário – Mas o secretário Teles, com toda essa análise, é antecipadamente um futuro candidato à Câmara Federal, por exemplo? Antônio Teles – Apesar de ter um pai que já foi político, não tenho este tipo de pretensão. Em que pese a pouca idade, sigo uma carreira acadêmica e profissional que me proporciona satisfação. A única forma que vejo a política é como objeto de estudo. Diário – Como o senhor avalia o desempenho do Congresso Nacional, atualmente? Antônio Teles – O Congresso Nacional parece ter mais autonomia em relação ao Executivo Federal. Isso é muito bom. Fortalece a democracia, porém falta foco em termos de debate. Por exemplo: estamos discutindo a redução da maioridade penal, mas deveríamos estar centrando fogo nas reformas econômica e institucional, necessárias para a superação da crise. Diário – O governo surpreendeu, ultimamente, antecipando salário e prometendo pagamento de 13º. O caixa do Palácio do Setentrião voltou a fluir ou foi apenas uma injeção de ânimo no funcionalismo, ou seja, aquela história de só pra inglês ver? Antônio Teles – Em termos de liquidez, o caixa não melhorou. O que tem sido feito é uma gestão de fluxo de caixa para garantir o pagamento das despesas essenciais. Acontece que no Amapá até data de pagamento de funcionários vira objeto de política pública. Diário – É verdade, mas infelizmente é assim que se vive por aqui... Antônio Teles – O governo está aos poucos retomando ou tentando retomar a normalidade, não só nesse aspecto. Vou dar o exemplo da educação: pegamos o governo com o calendário escolar de 2014 terminando em 2015, em algumas escolas. Diário – No que temmudado, em relação à administração passada, o relacionamento do governo com os seus servidores? Antônio Teles – O primeiro ponto é o diálogo. Nesse primeiro semestre sentamos com mais de 30 sindicatos. Acima de tudo, respeitamos cada categoria. Não gosto de fazer comparações, mas alguns sindicatos ficaram mais de quatro anos sem ser recebidos pelos gestores. Criamos uma mesa permanente de diálogo que procura conhecer de perto a realidade de cada categoria, identificar distorções e tentar corrigi‐las ao longo do tempo. Diário – Pra concluir, secretário, o senhor se aventuraria a vislumbrar um tempo para que o Amapá venha de fato se desenvolver? Antônio Teles – Essa é uma questão muito complexa. Nos últimos 25 anos o desenvolvimento só se tornou trecho de discursos políticos, adjetivado pela falácia preservacionista e da potencialidade. Não tivemos a capacidade de traduzir o discurso para a realidade e, infelizmente, naquilo que havíamos avançado, conseguimos retroagir. O desenvolvimento econômico é um desafio que se impõe, não apenas ao governo, mas a toda a nossa sociedade. Creio que se unirmos os discursos e as ações poderemos nos descolar do resto do Brasil e poder, em dez anos, aumentar a participação do setor privado na geração de riquezas. É ilusão achar que iremos desenvolver‐nos sem antes superar a atual dependência que a economia tem do governo do estado. ● Revista DIÁRIO - Julho 2015 - 43

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