Revista Diário - 8ª Edição - Junho 2015
Revista DIÁRIO - Julho 2015 - 76 Infra-estrutura T rês personagens distintos, ao seu tempo, fazem parte da história da Estrada de Ferro do Amapá. O primeiro foi seu idealizador, o empresário Au‐ gusto Trajano de Azevedo Antunes, que embora tenha feito fortuna com seu faro empresarial para prosperar negócios pelo país, tinha um envolvimento afetivo com o projeto Icomi, a partir do qual seu império começou a ser erguido. Era tido como um visionário, um homem à frente de seu tempo. Quando nem havia no país uma legislação ambiental como a que se tem atualmente, ele já determinava que os mais rígidos instrumentos de controle ambiental minimizassem os efeitos e os im‐ pactos à natureza pelo seu projeto industrial. Havia qualidade de vida nas vilas que ergueu para abrigar seus colaboradores, tanto na Serra do Navio como na Vila Amazonas, em Santana. Pagava planos privados de previdência, o que até hoje garante uma complemen‐ tação às aposentadorias de quem fez carreira em sua empresa. À certa altura, numa de suas muitas visitas ao projeto, indagou a seus executivos sobre o que esta‐ vam fazendo pelas comunidades espalhadas ao longo da linha férrea, quando então decidiu que deveriam comprar a produção agrícola daqueles agricultores. “Surgiu ali o ‘trem dos colonos’, que parava a cada co‐ munidade para adquirir, hortaliças, frutas e o que fosse possível aproveitar em nosso mercado”, diz José Ortiz, antigo superintendente da Estrada de Ferro. Augusto Antunes morreu em 1996, no Rio de Janeiro, onde vi‐ veu praticamente recluso no final da vida, depois de se afastar dos negócios. Ele tinha 89 anos. O CONSTRUTOR Se Augusto Antunes tinha paixão pela obra edifica‐ da no Amapá, o que dizer de Ralph Medellin, um mexi‐ cano naturalizado americano que dedicou simplesmen‐ te toda a vida à ferrovia que ele ajudou a construir? Sim, ele até contou uma pequena mentira para poder viajar dos Estados Unidos até o Amapá, pois a poderosa Bethlehem Steel queria gente que falasse português no projeto que acabara de fechar com o novo sócio, Antu‐ nes. “Ele queria na verdade conhecer o Rio Amazonas”, diz a viúva de Medellin, dona Madalena, que ainda hoje luta para conseguir que o estado repasse o dinheiro que Ralph gastou para manter a EFA funcionando. Sim, ele já no fim da vida assumiu as operações da ferrovia, mesmo consumindo o próprio capital da família. É que no final dos anos 90, após a Icomi anunciar a paralisa‐ ção da lavra de minério, alegando que as minas esta‐ vam exauridas, o Estado se recusava a receber a ferro‐ via, conforme previa o contrato com a União. Uma lon‐ ga batalha judicial teve início e nesse lapso temporal até uma definição sobre a propriedade dos trens, foi Ralph Medellin quem a manteve a ferrovia funcionando desde então. ● AugustoAntunes, RalphMedelline Jair Quintas. Três homens com históriasbem distintasque terão osnomes sempre relacionados como início, aatualidadee o futurodaEFA, a EstradadeFerrodo Amapá, quedaqui a doisanosvai completar 60anos deatividades. Antunes,RalpheQuintas,
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