Revista Diário - 8ª Edição - Junho 2015
Revista DIÁRIO - Julho 2015 - 77 Até a semana de sua morte Ranph permanecia dan‐ do expediente na EFA. Ele faleceu em 2008, vítima de insuficiência respiratória, aos 84 anos de idade. Na ocasião, recebeu uma honrosa despedida. É que havia manifestado desejo de ter o corpo cremado e as cinzas atiradas no Rio Amazonas – o mesmo que o fez largar os Estados Unidos. Na ocasião, sua esposa e filhas o le‐ varam de avião até Serra do Navio e de lá, num peque‐ no vagão chamado Litorina, ele fez uma última viagem na ferrovia que ele próprio havia construído. Na velha estação de Santana, uma viatura do Corpo de Bom‐ beiros transportou a urna com seus restos mortais até a Capitania dos Portos, onde houve uma celebração re‐ ligiosa. Depois, por também ser veterano da Marinha dos Estados Unidos, foi levado por uma corveta da Ma‐ rinha do Brasil para finalmente encontrar o descanso eterno, cabendo à esposa Madalena a tarefa de atirar suas cinzas no rio, fechando um ciclo de dedicação, profissionalismo e porque não dizer, amor à Estrada de Ferro. O SALVADOR Foi num cenário de incertezas sobre o futuro da fer‐ rovia que, em 2002, o então procurador‐geral do Mi‐ nistério Público do Amapá, Jair Quintas, ao seu estilo discreto, achou o caminho das pedras, por assim dizer, sobre a melhor destinação da EFA. Ele acabara de visi‐ tar a Estrada de Ferro Oeste de Minas, numa rápida via‐ gem entre São Joião Del Rey e Tiradentes, quando de‐ cidiu criar um Grupo de Trabalho destinado a estudar uma solução para o problema. “Vimos ali o Museu Fer‐ roviário, inclusive o vagão que era de dom Pedro II, to‐ talmente restaurados. E olha que era uma ferrovia com quase trezentos anos, então não poderíamos deixar que a do Amapá, com pouco mais de cinquenta anos, se acabasse”, recorda o procurador. E foi graças a essa visão dele que uma solução foi encontrada, algum tempo depois. Associações de Tu‐ rismo Ferroviário e outras empresas mineradoras de‐ monstraram interesse em arrendar o trem. Uma deci‐ são judicial definiu a propriedade como sendo da União, mas caberia ao Estado ser o fiel depositário. Um termo de arrendamento foi lançado e a empresa MMX assumiu o papel de recuperar a ferrovia, investindo na sua restauração. Os trilhos foram recuperados, dor‐ mentes substituídos, vagões e locomotivas arrumados e o transporte de cargas e passageiros retomado. Ou‐ tras duas recentes mudanças de controle aconteceram, uma para a Anglo American e outra para a Zamin Fer‐ rous, que desde a paralisação de suas operações, dei‐ xou cair o padrão da ferrovia. O estado agora estuda re‐ tomar a concessão e lançar um novo certame que possa garantir que a saga de Antunes, Ralph e de Quintas, não seja ignorada. ● ● Afaltade manutenção da linha férreanos últimosanos temdadoa ela incertezas comrelaçãoa seu futuro, com acidentese saídasdo eixo, e redução daeficiência. o idealizador, o construtor e o salvador
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