Revista Diário - 30ª Edição

Perfil Cléverson Baía, Música um roqueiro conservador de direita Formado em Filosofia, Cléverson Baía se apresenta como conservador de direita na linha de David Hume. Sem desmerecer os que fazem rock no estado, ele é o melhor que se tem nesse gênero. Já imaginou um roqueiro filósofo? Se não, Cléverson é um exemplo, talvez o único no mundo. rock,aportuguesando,roque,éumgênerodemúsicapopularderaí- zes estadunidenses, mas também serve de raiz para outros alguns ritmos, nomundo. Desenvolveu-seapósos anos1950comomúsica rápida, dançável e pegajosa, estimulando a profanação, o prazer do corpo, a liberdade do gozo corporal. Indo além, o roque também é uma fabricação de revolta. Em meioa todoesseescarcéu, oAmapá tementreos seusprincipais ro- queiros um jovem de 42 anos, Cléverson Alberto da Costa Baía ou roqueiramenteCléversonBaía.Ele,formado emFilosofia,apresenta-secomoumcon- servador de direita na linha de David Hume,umdosmaioresrepresentantesdo iluminismo escocês, como também Ed- mundBurke e Roger Scruton. Cléverson, de repente, sem desmerecer a gamadegenteque faz rocknoestado, éomelhor que se tem nesse gênero musical. Já imaginou um roqueiro filósofo? Se não, Cléverson Baía é umexem- plo, talvez o único nomundo. Nietzsche,aqueleda“mortedeDeus”,grafavaa Filosofia como perturbação e provocação. Quem sabe o bamba do roque tucuju não veio ao mundoparaprovocareperturbaroperturbado rock. Tem a ver. Se o gênero musical dançável, pegajoso e libertário tem entre os seus princi- pais protagonistas uma pessoa que respeita a conservaçãodos princípios e valores dahuma- nidade, e temente aDeus, algoparadoxal existe aí,masquenemmesmoFreudpodeexplicar,muito menosNietzsche,jáqueelematouDeus,quemexplicatudo e, ao contráriodoqueo filósofoprussianodiz, está vivinhoda silva. CléversonAlbertodaCostaBaíaéummacapaensequecomum ano emeio de idade foi levado pelos pais para Oiapoque. Certa vez, o tio Ronaldo dele apareceu em casa comum violão. O guri ouviu o irmão damãe tocando, pelamadrugada, e achou aquele sombonito. Demanhãjáestavacomoinstrumentonasmãos,batendonascordas, só por bater; o importante era ouvir o som, na verdade, uma baru- lheira. OroqueiroteveasuainiciaçãomusicalcantandonoscultosdaAs- sembleia deDeus, noOiapoque, aos sete anos. Nesse tempo, também fazia peças teatrais na igreja. Um amigo dele, Clerivaldo Seabra, per- tencente à denominação religiosa, foi estudar em Belém, e ao voltar trouxe uma guitarra. O Revista DIÁRIO - Edição 30 - 14 Texto: Douglas Lima

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