Revista Diário - 30ª Edição
Revista DIÁRIO - Edição 30 - 45 quer administrativos, quer de incremento ao cresci- mento econômico em geral. Disse depois ser necessário erradicar a corrupção e a ociosidade no Amapá. Televisão A matéria de A Província do Pará também abordou aparição do articulista Rugatto Boettger na televisão, convidado pelo saudoso jornalista Antônio Corrêa Neto, então editor do programa ‘Bom Dia Amapá’, da TV Amapá. No programa jornalístico, Rugatto analisou substi- tutivo da Câmara Federal que previa plebiscito como condição básica para a criação de novos estados. Falou com segurança sobre o assunto: “Nós tomamos conhecimento do substitutivo e acha- mos que a Constituinte está levando muito a sério a transformação dos territórios em estados. Antes, o que nós sabíamos é que um deputado amapaense interce- dera junto a uma subcomissão para que não houvesse plebiscito nos territórios. Sabe este parlamentar que a opinião pública é desfavorável. Para que se transforme o Amapá em estado é preciso que pelo menos se man- tenha o nível de vida que a população tem hoje, ou au- mentá-lo. Seria um absurdo diminuir a qualidade de vida, aqui no território, apenas para favorecer a uma meia dúzia de políticos e administradores públicos. Outra coisa: não se pode admitir que o povo só seja con- vocado para eleger os polít icos, ma s não tenha o di- reito de decidir sobre os destinos de sua própria terra”. Depois de dizer que o dispositivo da Câmara era “uma forte dose de respeito à população, Rugatto Boett- ger fez algumas colocações até então desconhecidas: “Recebemos telefonema, ontem, de um empresário de Rondônia, perguntando em que condições vive a ini- ciativa privada no Amapá, porque, segundo ele, em Ron- dônia está impossível de sobreviver. Existe até um movimento entre os empresários de Rondônia de se transferir para Roraima e para o Amapá porque lá os serviços públicos não funcionam, a iniciativa privada é supertaxada e a população é desassistida nas coisas mais elementares. Está aí um exemplo convincente do erro de se transformar intempestivamente um territó- rio em estado. Corrêa Neto estranhou: “Mas Rondônia tem estru- tura e um potencial agrícola muito maior que o Amapá”. Rugatto esclareceu: “É justamente este detalhe que nos apavora. Rondô- nia é hoje o sexto produtor de cereais do Brasil. É o quinto mineral e o quarto produtor de madeiras. Ora, isso significa que supera muitos estados da federação. Agora veja: se Rondônia está nessas condições, o que se dirá do Amapá , onde só se consome dinheiro mandado pelo governo federal, pois a nossa arrecadação é insig- nificante ante o orçamento do território. Os salários pagos pelo governo são altamente vantajosos se com- pararmos com a maioria dos estados brasileiros. Mas quando o estado for instalado os salários serão em nível estadual ; apenas os atuais funcionários terão garanti- dos os seus direitos adquiridos. Sobre a conveniência de um amplo debate com a po- pulação, Rugatto afirmou: “É necessário porque o debate, hoje, está apenas a nível político e nos ambientes socialmente mais eleva- dos. O povo ainda não disse a sua opinião sobre o es- tado do Amapá. Todos nós queremos o estado, mas não queremos um estado precipitado; queremos um estado com condições de melhorar a vida do povo; não quere- mos nos refletir no espelho de Rondônia. Então, todos os órgãos de classe devem se envolver mais direta- mente no assunto. Temos que fazer um levantamento realista do setor econômico, envolvendo nesse trabalho empresários, operários, sindicatos, associações de bair- ros. Todos, enfim, devem discutir e conhecer profunda- mente o assunto. E quando vier o plebiscito nós não devemos votar porque alguém falou, p orque um polí- tico recomendou, porque um pastor ou um padre suge- riu. Devemos votar porque nós, intimamente, temos conhecimento do assunto e discernimos conforme a conveniência da população em geral , sem cairmos nessa de entusiasmo momentâneo, para depois encarar a triste realidade de um engano clamoroso que talvez não ofereça retorno”. P.S. O substitutivo da Câmara Fede al, origin ria- mente assinado pelo então deputado amazonense Ber- nardo Cabral, acabou não vingando, de maneira que o plebiscito também não aconteceu.
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