

integraram o governo Dilma, identificados por urna administra–
ção ruinosa e por inegável participação em práticas ilícitas.
Bolsonaro, ao seu tempo e sem alarde, iniciou um vertigi–
noso crescimento de popularidade nas redes sociais, sendo re–
cebido como "rock star" em aeroportos e aglomerações urbanas.
Sua fala de repressão violenta ao crime, de prioridade no com–
bate
à
corrupção e de retomada das pautas conservadoras cristãs
atingiu os corações de uma imensa massa de brasileiros.
Uma vez registradas todas as candidaturas, o cenário elei–
toral revelava Geraldo Alckmin aliado aos partidos que outro–
ra deram suporte ao projeto de poder pelista. Com um latifún–
dio de tempo disponível no horário eleitoral, uma grande
quantidade de recursos financeiros e uma equipe profissional
de suporte político, o tucano mostrou-se pouco identificado
com os anseios populares e manejou uma postura palatável
apenas entre seus antigos eleitores bandeirantes. Foi rechaça–
do ferozmente nas urnas.
Ciro Gomes apresentou-se como uma opção hígida da es–
querda, sendo ficha limpa e dotado de bom preparo intelectual.
Desta vez não tropeçou em seu conhecido destempero emocio–
nal, mas na incapacidade de aglutinar o voto socialista, perdendo
apoio para o candidato ungido pelo já presidiário Luís Inácio.
Ciro saiu da eleição muito maior do que se mostrava no início
da corrida.
De seu turno, Haddad trouxe aos pleitos a merecida fama de
pior prefeito da história paulistana, um discurso distante das mi–
norias sempre amparadas pelo Partido dos Trabalhadores e o ca–
risma de um tijolo. Em seu favor uma única boa carta: a verdade!
Sim amigo leitor, Haddad foi sincero em sua única promessa
concreta: era o candidato de Lula e ponto final!
Bolsonaro também foi verdadeiro durante a campanha: disse
que não lhe pesava nos ombros qualquer histórico de corrupção
e que pretendia tirar o PT do poder (sangrou por isso, vítima de
uma tentativa de homicídio).
No fim e ao cabo, ou melhor, "no fim e ao capitão", a vi–
tória restou nas mãos de um político filiado a um partido na–
nico, dotado de oito segundos de propaganda eleitoral, sem
apoio de governadores e prefeitos, escarrado por parlamenta–
res e defenestrado pela grande mídia. Sua ferramenta de cam–
panha foi um celular e seu cenário um quarto de hospital, não
frequentou debates com a mesma frequência que visitou mé–
dicos e centros cirúrgicos.
Alguns políticos parecem não compreender o óbvio: o povo
brasileiro não está ávido por revoluções, ou esmolas governa–
mentais. O cidadão deste país quer emprego, deseja empreender
e contabilizar vitórias com seu próprio esforço. O brasileiro não
perdoou a corrupção e segue sendo tão cristão quanto um século
atrás, quer educar seus filhos por seus valores e prefere que de–
bates sobre sexo não dividam o tempo em sala de aula com a
matemática. O torcedor da seleção canarinha quer segurança pa–
ra sair de casa e retornar em paz, defende a polícia e o empresá–
rio gerador de trabalho (em detrimento de criminosos), já está
cansado de sofrer no SUS e fica arrepiado diante de qualquer
margem de inflação.
O PT construiu programas sociais relevantíssimos, mas es–
queceu de admitir os próprios erros e de expulsar de seus qua–
dros os maus elementos, olvidou-se do mais elementar clamor
dos trabalhadores: o emprego. A estrela vermelha foi ofuscada
por seus próprios erros, ela criou Bolsonaro quando optou por
ajudar ditaduras sanguinárias em Cuba e Guiné, ao invés de in–
vestir pesado no comércio internacional sem viés ideológico.
Sem as falhas pelistas seria impossível imaginar o atual ce–
nário político brasileiro. Aliás, acho mesmo que Bolsonaro me–
recerá um capítulo específico na Ciência Política. Não amigo
leitor, eu não considero que o novo Presidente seja mais prepa–
rado que outros líderes que habitaram o Planalto, simplesmente
reputo como impossível que em qualquer outro momento al–
guém reste eleito
à
Chefia de Estado com recursos tão parcos e
uma retórica tão limitada.
Esta eleição foi plebiscitária: o povo apenas disse não ao PT.
Em 2022 será a vez de Bolsonaro enfrentar idêntico plebiscito,
e as urnas revelarão se seu governo merecerá alguma continui–
dade.
Até o dia primeiro de janeiro qualquer análise do governo
Bolsonaro é mero exoterismo vulgar, ninguém pode ser avaliado
antes de iniciar suas funções.
A única consideração viável neste ponto sobre a eleição na–
cional é que as urnas regurgitaram as alianças espúrias e defe–
nestraram a ineficiência do Estado.
O povo agora clama por uma nova República e brada com
ânimo inquebrantável seu desejo por três prioridades básicas:
emprego, emprego e emprego!
Revista
DIÁRIO
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Edição 29 -
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