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Revista

DIÁRIO

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Edição 19 -

54

Amapá da MMX, foram feitos novos contratos com as em-

presas locais, sendo inclusive criado junto ao Senai e o Se-

brae um plano de desenvolvimento de fornecedores,

aonde as empresas se habilitavam a prestar esse serviço,

de modo que o dinheiro do Amapá circulasse no estado,

com contratos de cinco anos e com a obrigação de com-

prar equipamentos. Então, com isso muitos empresários

foram a agentes credores – e não foi ganância não – e fez

financiamento para comprar caminhões, máquinas, cozi-

nhas industriais, enfim, fornecedores de mão de obra, e

tudomais. Mas isso tudo acabou quando a Zamin comprou

a Anglo, pois ela não pagou mais ninguém, com essas em-

presas ficando a ver na-

vios, e o que é pior, com

débitos trabalhistas e

também com débitos de

ativos. Então isso foi uma

irresponsabilidade.

Diário – Que outras

empresas do setor

foram afetadas com a

queda do porto, presi-

dente?

Glauco –

Ah, se o

porto tivesse funcio-

nando hoje é possível que

a Unagem estivesse ex-

portando; é possível que

a mineração Vila Nova ti-

vesse exportando tam-

bém; e porque não dizer

a Icomi ou a Ecometals ti-

vessem tirando manga-

nês. Eles inclusive estão

tentando agora fazer via

rodoviária, o que é inviá-

vel, vai destruir nossa es-

trada, pois o peso do

minério dá em torno de 3

toneladas ometro cúbico,

então não tem como você

trazer de caminhão pois

vai prejudicar mais ainda

os nossos acessos. Daí a

gente dizer que a maior

irresponsabilidade com o estado do Amapá foi o sucatea-

mento da ferrovia a não a reconstrução do porto, após o

desmoronamento dele.

Diário – Quando se deu a venda da Anglo para a

Zamin, quem era o governador?

Glauco –

Isso foi feito entre 2009 e 2010, quando o go-

vernador era o Camilo Capiberibe.

Diário – E não foi levado em consideração na hora

dessa transação que a ferrovia e o porto eramconces-

sões do estado?

Glauco –

Eu tive na época duas reuniões com o então

secretário da indústria e comércio, José Reinaldo, quando

alertamos essa posição de que a Zamin não era uma em-

presa séria, por conta da Zamapá que ela já estava fazendo

um trabalho lá na área próximo a Tartarugalzinho. Ele

então alegou que a Anglo ia fechar, então eu disse ao se-

cretário “olhe, que feche, mas recupere o porto e a ferro-

via”. O que não pode é inviabilizar o estado, entendeu?

Diário – Então o senhor já tinha essa visão de que

essas duas concessões tinham que ficar de fora da

transação, envolvendo

as duas empresas?

Glauco –

Sim. Com

certeza. É que o minério

classe 2 tem um peso es-

pecífico muito grande,

como eu falei são 3 tone-

ladas o metro cúbico,

então ele pesa muito para

você transportar via rodo-

viária. Por meio ferroviá-

rio é melhor, dá para você

trabalhar com o trem em

vagões de até 70 tonela-

das, então uma só locomo-

tiva puxa isso e não vai

causar impacto a nin-

guém. Nós alertamos bas-

tante quanto a isso e não

sei quais condicionantes

foram apresentadas na

época, mas, enfim, a nego-

ciação foi feita e está aí o

problema

para

todo

mundo hoje.

Diário – A negocia-

ção acabou incluindo as

concessões do porto e

da ferrovia?

Glauco –

Ao que me

parece houve uma pro-

posta de recuperação da

ferrovia e do porto, que

não foi cumprida pela Zamin. Ao nosso ver, à época, pela

própria operação da Zamapá, uma empresa do mesmo

grupo indiano do senhor Pramod, ela já vinha tendo difi-

culdades aqui de pagamentos de um projeto menor com

os fornecedores no estado do Amapá, então nós não vía-

mos assim uma viabilidade, nós que trabalhamos com a

Anglo American e desde a implantação desses projetos

como da MPBA e da MMX, temos uma certa noção com re-

lação a essa movimentação. Também prestamos alguns

serviços para a Zamapá e víamos que aquilo ali não tinha

condições de dar certo. Talvez essas pessoas, de boa fé, te-