Revista
DIÁRIO
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Edição 19 -
48
Mineração
Maltraçadaslinhas
deumnegócio
entreingleseseindianos
O
promotorde justiçaAdilsonGarcia, de
Santana, trabalha com a certeza de
quehouveuma transação fraudulenta
na venda da exploração e comercialização
de ferronoAmapá comopropósitode isen-
tar aAngloAmericanBrazil das responsabi-
lidades peloúltimodesabamentodoportoe
pelos impactos negativos sócio, econômico
eambiental provocadospelas atividadesna-
quelemunicípioeemPedraBrancadoAma-
pari, onde há a extração dominério.
A Zamin Amapá comprou o negócio da
Anglo sete meses depois do desabamento
do porto de minério de Santana, chamado
Portoda Icomi. Oacidenteocorreuem28de
marçode2013, edesdeaí osetormineral do
Amapá desandou, ficandopraticamente pa-
rado pela inexistência de local apropriado
para o embarque deminérios emnavios.
Mesmo comoporto sumido, aZaminas-
sumiuosnegóciosdeminériode ferronoes-
tado, iniciando um descaso que
desembocou no sucateamento da Estrada
de Ferro do Amapá (EFA), dilapidação de
maquinários e caminhões e atédoescritório
da empresa emSantana.
Alémda virtual destruição de todo o pa-
trimônio deixado pela Anglo, vindo de 50
anos atrás, herança da Icomi, que explorou
manganês na região de Pedra Branca do
Amapari eSerradoNavio, aZaminencerrou
as suas atividades no estado, deixando
danos ambientais e gigantescas dívidas tra-
balhista e comdezenas de empresas que lhe
prestavam serviços.
Completando todoodescalabroquepro-
vocou no Amapá, a Zamin agora passa por
umprocesso de recuperação judicial, estra-
nhamente na Segunda Vara de Falências de
SãoPaulo, ondeatuaoseuadministrador ju-
dicial, chamado Cleber Bissolati, que não
vem ao Amapá ver os estragos causados
pela empresa.
“É um caos social e econômico. Houve
uma operação fraudulenta, um teste para
tirar o passivo das mãos da Anglo”, dispara
o promotor de justiça de Santana, Adilson
Garcia, que trabalha na defesa de que a
Zaminpaguepelosdanos ambientaisprovo-
cados naquelemunicípio, e tambémsane as
suas dívidas commilhares de trabalhadores
e comas empresas prestadoras de serviços.
Há evidências de que a transferência da extração e comercialização de ferro no Amapá,
da Anglo American Brazil para a Zamin, tenha sido um jogo de cartas marcadas em que a empresa inglesa
se livraria do ônus, preservando sua ‘boa imagem’ no mercado, repassando de má fé os ativos para a indiana,
que seria testa de ferro, assumir o desmonte da empresa e as ações que viriam a prejudicar a mineração no estado.
Reportagem:
Douglas Lima
Promotor de justiça
Adilson Garcia