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Revista

DIÁRIO

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Edição 19 -

79

que perderam esse status após 1 de dezembro de 1984,

além dos municípios pertencentes a territórios federais

e aqueles que foramcriados pormeio de lei estadual seis

meses antes das eleições.

Como retornodas eleições diretas para as prefeituras

municipais, os gestores tambémpassarama termais au-

tonomia edeixaramde ser nomeados pelos governadores

ou pela Presidência da República, no caso dos territórios

federais. Acondição anterior subordinava os gestores dos

municípios aos ditames da Governadoria e limitava em

muito o campode suas atuações político-administrativas.

Até 1985, todas as ações e empreendimentos dos prefei-

tos passavam pelo crivo do governo estadual e tudo que

lhes concernia tinha que ter o beneplácito de seus exce-

lentíssimos governadores.

Em Macapá, depois de uma disputa histórica e re-

cheada de acusações, provocações, troca de farpas e po-

lêmicas entre os candidatos, a chapa formada pelos

professores

Raimundo Azevedo Costa

e Raquel Rodri-

gues Capiberibe, doPMDB, saiu-se vitoriosa coma esma-

gadora maioria dos votos. Era uma composição

interessante para a época e o contexto histórico e político

noqual opaís se encontrava, namedida emque umnegro

e uma mulher, tendo a redemocratização como pano de

fundo, alcançaram a vantagem mais ampla num pleito

majoritário já ocorrido na política amapaense.

Com o slogan “Macapá vai Brilhar!” tomando conta

das ruas em toda a campanha num jingle celebrizado na

voz do cantor Nanau (do qual nunca mais se ouviu falar)

gravada juntamente comamúsica “Tá na Luta” numcom-

pacto simples, a chapa peemedebista enfrentou adversá-

rios de peso entre as lideranças políticas do antigo TFA,

como Jarbas FerreiraGato (PFL), JúlioMariaPintoPereira

(PDT) - segundo colocado na disputa -, Geovani Pinheiro

Borges (PMN) eManuel Braga (PT). Azevedo Costa e Ra-

quel Capiberibe receberam52%dos votos, amaior vota-

ção e todo o país, em 1985, levando-se em consideração

a proporcionalidade eleitoral entre os municípios nos

quais ocorreram eleições.

A administração de Azevedo Costa, contudo, não se

deu como sonhara o seu eleitorado e a população maca-

paense, frustrando as expectativas que cercaram a vito-

riosa campanha. Logo no começo domandato, o prefeito

e a vice prefeita romperam, criando uma aguda crise po-

lítica que se tornou irreversível namedida emque dividiu

o partido, comprometendo e prejudicando a administra-

ção municipal e causando a migração de Raquel Capibe-

ribe, seu irmão, o então secretário estadual da agricultura,

João Alberto Rodrigues Capiberibe, e o grupo por eles li-

derado para o Partido Socialista Brasileiro.

O primeiro mandato municipal pós ditadura serviu

como transição oumesmo antessala para a efetivação do

processo de democratização a partir da esfera do Execu-

tivoMunicipal e que culminaria comas eleições presiden-

ciais de 1989. No primeiro mandato a duração seria de

três anos, e os seguintes foram aumentados para quatro

anos, por determinação da Constituição Federal promul-

gada em1988, ano emque ocorreu o segundo pleitomu-

nicipal no qual foi eleito João Alberto Capiberibe (PSB).

AgestãodeAzevedoCosta herdara os problemas eco-

nômicos e sociais das gestões anteriores, totalmente su-

bordinadas aoExecutivoTerritorial, marcada por poucas

obras e por umindisfarçável sentimentode frustraçãode

grande parte do eleitorado que esperava muito mais de

sua administração, dada a votação obtida.

Por ser negro, oprimeiroprefeito após o retorno à de-

mocracia, sofreu com o preconceito da oposição política

e de determinados segmentos da sociedademacapaense.

Em seu governo, a área geográfica de Macapá era muito

maior do que se encontra atualmente, uma vez que a ela

ainda pertenciam os então distritos de Santana, Ferreira

Gomes, Porto Grande, Serra do Navio, Itaubal do Piririm

eCutias doAraguari, hojemunicípios, oque tornava ainda

mais difícil o exercício administrativo. Em seu triênio se

deu o surgimento de novos bairros que alargaram o ta-

manho do perímetro urbano da capital, como o Jardim

Felicidade, na zona norte, e o Conjunto Cabralzinho, na

zona oeste, entre outros.

Encontro

de

estudantes

na casa do

prefeito de

Macapá

Apuração

da eleição

de Azevedo

Costa