Previous Page  49 / 60 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 49 / 60 Next Page
Page Background

(l

ante de tudo o que o mundo ainda pode avançar na pro–

ução de alimentos, o Brasil possui fundamental impor–

tância por ser detentor de 40% de todas as áreas

agricultáveis no planeta em todo o potencial que possui o

mundo em produção, de acordo com dados da ONU:

BRASIL

EUA

RÚSSIA

ÍNDIA

CHINA

AUSTRÁLIA

CANADÁ

ARGENTINA

.,

1

1

1

li

.,

.,

.,

1

1

41'1,

1

41'4 1

40%

14%

li

48'1,

1

40%

1

56%

52%

1

1

1

1

aEM

USO aPOTENCIAL

o

~ ~ ~ ~

~ ~ ~ ~

forilt

fN).

THEECONOMIST ,MAPA

Figura 2. Áreas agricultáveis no mundo

Atualmente, o Brasil é líder em produção e exportação de

alimentos em diversas áreas do agronegócio mundial, a exem–

plo da soja emgrãos, café, laranja, milho, açúcar; frango, suíno,

bovinos e bubalinos, dentre outros. Neste sentido, a tendência

brasileira é desenvolver sua vocação na produção de alimentos

e ser o mais importante produtor para as populações mun–

diais. Assim, o agronegócio tem se tornado o mais sólido pilar

da economia do país, representando, de acordo com a CNA,

23% do PIB brasileiro, impactando nas exportações com a

maioria dos produtos de nossa balança comercial, além de cau–

sar efeitos sinérgicos nos demais setores, proporcionando o

aquecimento do comércio, serviços, indústria e tecnologias, e

impulsionando a geração de empregos que chega ao patamar

de 37% das vagas de trabalho do país.

Por sua vez, a economia do Amapá começa a sentir altera–

ções constatadas em estudos que apontam o crescimento do

PIB amapaense em 0,4%, em 2017 (IBGE, 2017), em uma

curva de crescimento sustentada exatamente pelo setor agro–

pecuário.

Oagronegócio inicia um movimento positivo em um sen–

tido contrário ao decréscimo que nossa economia vem so–

frendo nos últimos anos. Segundo o Receita Federal, a relação

entre os impostos arrecadados e os recursos repassados pela

União a cada estado aponta unidades federativas como São

Paulo com uma arrecadação de R$ 455,9 bilhões e um repasse

de R$ 33,7 bilhões, representando déficit de R$ 422,2 bilhões.

Enquanto oAmapá arrecada R$ 793,2 milhões e recebe R$ 3,1

bilhões, superavitando em mais R$ 2,3 bilhões. Este fator de–

monstra que existe uma grande lacuna entre a produção de ri–

queza e a formação do orçamento público estadual,

comprometendo de forma negativa os demais elementos cons–

titutivos da economia da região. Isso explica o declínio do ciclo

de empregos ocasionados pelo comércio no estado que chegou

a 18,1%, em 2017, e consiste em um produto da dependência

financeira com a União, intensamente suscetível às variações

da economia do governo central. Assim, o setor produtivo, so–

bretudo do agronegócio, pode significar um importante viés

na produção, formação de mercados de trabalho e de consumo,

pois, segundo a FGV/ AGRO, a partir de 80 hectares de produ–

ção no campo, é gerado um emprego, diretamente, ao passo

que outros dez são gerados nas cidades.

Um olhar além das áreas de atribuição legal do território

amapaense, compostas por 15 unidades de conservação, 50

assentamentos agrários, cinco demarcações indígenas e seis

quilombolas, as quais ocupam 11,7 milhões dos 14,2 milhões

de hectares do estado, correspondendo a 82% do território,

excluindo as sobreposições das mesmas áreas, revelam que

restam à produção de grãos 400 mil dos 986.198 hectares de

cerrado, representando uma pequena fatia de 2,8% das terras.

Apartir desses dados, podemos fazer análises importantes

dos impactos sociais e econômicos ocasionados pelo agrone–

gócio no Amapá. A primeira é que os 2,8% do território não

colocam em risco os biornas presentes na região ou nas comu–

nidades tradicionais, visto que os 82% de áreas atribuídas

comportam as diversidades biológica e cultural. A segunda

análise considera os 400 mil hectares disponíveis capazes de

produzir; nas médias atuais de produtividade no Amapá, 1,2

milhão de grãos de soja e 1,5 milhão de milho, rendendo dire–

tamente R$ 2,6 bilhões, e cerca de R$15 bilhões comos efeitos

multiplicadores como o start de outras cadeias produtivas e

verticalização. Ainda que os mesmos 2,8%do território podem

gerar aproximadamente 55 mil empregos, um número maior

do que a soma da população rural absoluta dos municípios

produtores de Macapá, ltaubal, Tartarugalzinho, Ferreira

Gomes e PortoGrande, o que chega ao total de 38.655 pessoas.

Em quarta análise, a geração de empregos no campo possibi–

lita, ao médio prazo, a inversão do movimento de desloca–

mento de populações do campo para a cidade, que fez comque

na década de 1950 a população urbana fosse de 37% e a rural

de 63%, ao passo que o último senso do IBGE aponta que essa

ordem passou para 88,3% e 11,7%, sobretudo resultado do

processo de urbanização, derrubando completamente argu–

mentos de que o recente plantio de grãos seja o fator respon–

sável pelo deslocamento de populações de comunidades

tradicionais para as cidades. E mais: a inversão desse movi–

mento se reforça pela chegada da tecnologia e educação no

campo, visto que o agronegócio amapaense inicia recebendo

as melhores experiências científicas voltadas à produção, acu–

muladas no transcurso do setor no país, fazendo do trabalho

no campo atividade altamente tecnificada com salários extre–

mamente atrativos para que os jovens do interior permane–

çam em seu lugar de origem, a exemplo com o que vem

acontecendo no município de Porto Grande, onde se oferece

os cursos de EngenhariaAgronômica e Medicina Veterinária.

Em outros lugares, também há cursos técnicos e tecnológicos

na corrida das instituições públicas e particulares de ensino,

visando o novo e pujante mercado.

E

T

y .

f!RS1

5~F

Revista

DIÁRIO

- Edição29 -

49