N
a família de João Kepler não tem aquela história
de “em casa de ferreiro o espeto é de pau”, ao con‐
trário, para difundir desde cedo a iloso ia do em‐
preendedorismo, isso é ensinado desde o berço. Ele é
pai de Theo, 15, Davi, 13, e Maria, 10, e como um bom
pai deve fazer, dá tudo o que é necessário para a educa‐
ção das crianças, como boas escolas e um lar. Quer dizer,
quase tudo: lá, ninguém recebe mesada. “Com isso, que‐
ro mostrar para eles que nada na vida é ixo e garantido.
Tudo depende das conquistas deles”, a irma. E tem dado
certo, pois até a smart tv do quarto do ilho mais velho
o garoto comprou com seu dinheiro. Sua ilha garante
uma renda com a venda de chicletes e cupcakes na es‐
cola. As guloseimas, aliás, preparadas pela própria Ma‐
ria, que tem talento para a gastronomia.
Kepler é ilho de paraibanos que nunca trabalharam
como empregados. Apesar de bem de vida, Kepler não
recebia nada do pai. "Ele não queria que as coisas fos‐
sem fáceis para mim. Ele dizia que a vida era um grande
rio e que eu deveria me virar para buscar os peixes", diz.
Só que o pai foi mais rígido do que Kepler é hoje. "Ele
não me ensinou as técnicas, não me disse que às vezes
era preciso ter paciência para pescar".
SOLUÇÕES
A falta da mesada fez com que seus ilhos corressem
atrás de renda própria. Theo ganhava dinheiro reven‐
dendo coisas que achava no Mercado Livre. Depois en‐
veredou por um portal de venda de ingressos. Seu irmão
Davi está concentrado no lançamento de sua própria
startup: a List‐It, um sistema que facilitará a compra de
material escolar. A plataforma permitirá uma busca em
várias lojas, sempre respeitando os preços mais baixos.
O garoto até já profere palestras sobre empreendedoris‐
mo, exatamente como o pai João Kepler. A família está
encaminhada, como se diz aqui.
Cortoua
mesada
dos filhospara incutir
empreendedorismo
Davi Braga, de 13
anos, cria uma
startupde vendas
dematerial
escolar, e diz que
incentivo veioda
falta demesada.
Apesar de
radicalizar como
corte damesada,
João tem
excelente
relacionamento
comos três filhos.
DEU CERTO
Revista
DIÁRIO
- Novembro 2015 -
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