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A história começa com o bebê Pedro Miguel Cor‐
tes. Ele passou por uma cirurgia cardíaca em
2014. Após o procedimento, desenvolveu um
quadro respiratório viral, resultando em broncoespas‐
mo, ou seja, sofreu um estreitamento do calibre de uma
das vias respiratórias, chamadas de brônquios, e por
isso a quantidade de ar que chegava aos pulmões era
insuficiente. O pequeno estava entrando em um quadro
de insuficiência respiratória aguda e por isso foi inter‐
nado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital da
Criança e do Adolescente do Amapá.
Depois de passar cinco dias entubado e com ven‐
tilação mecânica, o pediatra realizou a primeira ten‐
tativa de extubação (retirada dos aparelhos, chamado
de desmame também). Mas a criança não suportou
respirar sozinha por muito tempo e novamente vol‐
tou para os aparelhos. Foram feitas mais duas tenta‐
tivas de desmame sem sucesso. Sem muitos recursos,
o pediatra Uilton Tavares decidiu que seria necessá‐
rio fazer a traqueostomia, que consiste em uma in‐
tervenção cirúrgica na traqueia, onde é colocada uma
cânula para a passagem de ar. “Na UTI Pediátrica do
Hospital da Criança não existem equipamentos para
a realização de Ventilação Pulmonar Não Invasiva e,
portanto, quando um paciente é extubado e não su‐
porta ficar fora da ventilação mecânica, dependendo
da sua patologia de base, é realizada a traqueosto‐
mia,” explica Tavares.
O médico providenciou as cânulas de traqueosto‐
mia apropriadas para a idade da criança, pegou auto‐
rização da cirurgia com os pais de Pedro Miguel Cortes
e solicitou o agendamento da operação. No entanto a
vontade dos que atendiam a criança era que ele não
realizasse a traqueostomia. O pediatra, juntamente
com a fisioterapeuta Ana Paula Kloster e com a técnica
de enfermagemMaria Suely Nascimento, pensou numa
forma alternativa de ventilação não invasiva para ten‐
tar mais uma extubação.
Os profissionais separaram diversos materiais en‐
tre equipos de soro, esparadrapo, um estetoscópio e te‐
soura, entre outros, e conseguiram improvisar uma
pronga nasal (espécie de cano) adaptada para as nari‐
nas da criança. Com todo o material em mãos, os três
novamente tentaram o desmame de Pedro. “E foi um
grande sucesso! A criança suportou a extubação e ficou
bastante confortada no aparelho de ventilação mecâ‐
nica agora no modo CPAP, ou seja, mantendo uma pres‐
são pulmonar positiva sem a necessidade de ficar en‐
tubado”, conta o pediatra.
Para Anderson Cortes, pai de Pedro, a notícia veio
como um alívio. “Se ele tivesse que enfrentar mais uma
cirurgia (traqueostomia) seria muito doloroso para o
bebê e também para os pais. Graças a Deus que deu
certo. Já tinha tentado comprar uma máscara especial
para fazer esse processo de desmame. Cheguei até a
viajar para Belém no Pará pra comprar lá. Por ser um
material de uso hospitalar, não consegui. Esses profis‐
sionais tiveram a mente iluminada,” afirma o pai.
Segundo o pediatra, a pronga improvisada agora faz
parte do arsenal de materiais para salvar vidas no Hos‐
pital da Criança e do Adolescente do Amapá.
Médico
transformaestetoscópio
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Médico
Uilton
Tavares
Revista
DIÁRIO
- Novembro 2015 -
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