Revista
DIÁRIO
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Edição 19
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20
Alemães
teriam
copiado
ideia
de
ministro brasileiro
A
ocupação de Clevelândia doNorte por retirantes nor-
destinos foi idealizada em 1921, quando teve início a
implantação do núcleo colônia, no trecho damargem
direita do rioOiapoque, que iniciava na foz do rioPontanarri
e se estendia até à cachoeira daGrandeRocha, a 70quilôme-
tros do Cabo Orange, e 15 quilômetros de Santo Antônio. No
espaçoantesdominadopelamata, os colonospassarama cul-
tivar banana, mandioca, cana, hortaliças, leguminosas e ár-
vores frutíferas. Os lotes estavam demarcados ao l’ongo de
um caminho vicinal com20 quilômetros de extensão.
Foi doministroda agriculturadogovernoArthurBernar-
des, Miguel Calmon, a ideia de construir na região a colônia
penal para prisioneiros políticos. A princípio, conforme de-
fendemalguns historiadores, Bernardes defendia a constru-
çãodeumaprisão convencional.Mas Calmon insistiuna tese
da ‘prisãoaberta’, somente comalojamentos, refeitórios e en-
fermaria. Tudo construído rusticamente pelos próprios pre-
sos e commaterial extraído da floresta no entorno.
De acordo com esses historiadores, a ideia do ministro
brasileironãopassoudespercebidanaEuropa.Militares fran-
ceses e alemãs, acantonados naGuianaFrancesa, fizeramvá-
rias incursões em Clevelândia, onde foram recepcionados
pelos agentes brasileiros responsáveis pelo presídio. Obser-
vadores meticulosos, teriam contrabandeado a ideia para
seus países de origem. Umdeles, a Alemanha, foi o principal
difusor do projetomacabro.
Campos
damorte
E
m1925, opresidentedoPartidoNacional Socialistados
Trabalhadores Alemães, Adolf Hitler, cumpria pena na
prisãodeLandsberg, após ser julgadoe condenadopor
liderar o ‘Golpe da Cervejaria’, codinome dado ao seu fracas-
sado golpe de estado, violentamente reprimido pelas forças
militares da República deWeimar.
Confortavelmente instalado em sua cela, o presidiário
pode escrever, semcontratempos, o livroMeinKampf (Minha
Luta), onde expressa livremente suas ideias belicosas, antis-
semitas e racistas implantadas ipsis litteris quando chegou
ao poder, em 1933, ano de criação do Campo de Concentra-
çãodeDachau, oprimeiropresídiopolítico regular assentado
nanascenteAlemanhanazista. Ao todo, Hitlermandou cons-
truir 20mil iguais – ou piores – do que Dachau.
Os campos tinhamfunções diversas no regimenazista al-
teradas ao longoda2ªGuerraMundial (1939-1945): primei-
ramente, serviramcomo campode trabalho forçado; depois,
foramconvertidos emcampos de transição (comopassagem
de um campo para o outro); e, já no fim da guerra, viraram
campos de extermínio.