rimeira página sob o título “Tragédia na Amazônia: 282 mortos”
Revista
DIÁRIO
- Edição 19 -
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Notíciadodesastre só chegou
nodia seguinteaonaufrágio
Após partir do Porto de Santana por
volta das 14h do dia 6 de janeiro de
1981, a embarcação tombou aproxima-
damente às 21h. A notícia da tragédia
chegou à capital no dia seguinte, através
de dois sobreviventes. A verdadeira di-
mensão do desastre iniciou quando a
imprensa local divulgou a lista de des-
pacho na qual constava que somente
146 pessoas haviamsido liberadas para
viajar, enquanto que na embarcação es-
tiveram presentes mais de seiscentas
pessoas. Em menos de 48 horas toda a
imprensa nacional voltou-se para o
então Território Federal do Amapá,
acompanhando todas as informações
sobre a tragédia do Cajari.
Dequemfoiaculpapelamaior
tragédiaaquáticadopaís?
Segundoalgunssobreviventes,
a inexperiência de um garoto na
cabine de comando pode ter sido
a causa do desastre. O garoto que
muitos se referem pode ser José
Roberto da Silva Pinto, que há
pouco tempo trabalhava no cemi-
térioonde foramenterradas as ví-
timasdonaufrágio. “Issoémentira
dizeremque foi umgarotoacausa
principal da tragédia”, disse José
Roberto, criticando certas afirma-
çõesditasnaépocapela imprensa.
Roberto era amigo da tripula-
çãohátempose, vezporoutra, via-
java no Novo Amapá, a pedido do
proprietário Alexandre Góes, que
comandava a embarcação e tam-
bém era dono de um estabeleci-
mento comercial nomunicípio de
Santana, onde Roberto já traba-
lhara. “Antesmesmode começar a
viajar no Novo Amapá, eu traba-
lhava num bar de que ele era
dono”, disseRoberto.
Alguns sobreviventes insinua-
ram que um banco de areia pode
ter sidoumadasprincipais causas
do trágico tombo na foz do Cajari.
Mas segundo certas informações
que se encontram em livros geo-
gráficos e hidrográficos da época,
o nível do rio Cajari era bastante
altopara levá-loaseinclinar lenta-
menteparaaságuas.Outragrande
causa–eamaisconhecidaatéhoje
– vema ser a superlotaçãoda em-
barcação.