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leito Presidente da República para ummandato de

quatroanos

(1922-1926)

, oadvogadomineiroArt-

hur da SilvaBernardes entrounahistóriapelaporta

dos fundos, segundo alguns de seus biógrafos. Pri-

meiro, afirmam, opresidentenão soube lidar coma

situaçãoeconômica crítica e a inflaçãodesenfreada,

principais combustíveis da instabilidade política e

social daquele momento. Segundo, seu estilo auto-

ritárioarrefeceuqualquer tipodenegociaçãoe con-

tribuiu, acreditam, paradeixar opaís àbeiradeuma

guerra civil.

Para acirrarmais os ânimos, imediatamente após aposse

ampliou seus poderes discricionários, manteve o estado de

sítio, restringiu as liberdades de expressão e de imprensa, e

criou suaprópriapolíciapolítica, oficializandoumregimede

terror ebrutal repressãoaos opositores comaprisãode cen-

tenas de indivíduos, entre eles anarquistas, tenentistas, sin-

dicalistas, trabalhadores suspeitos depromover a ‘desordem

pública’, criminosos comuns, indigentes, prostitutas emeno-

res abandonados.

Arthur Bernardes também está na história política bra-

sileirapor umfatoaindamais aterrador. Emseusegundoano

demandato, criounoBrasil oprimeiroeúnicopresídiooficial

destinadoaprisioneirospolíticos. LocalizadoemClevelândia

do Norte, no Oiapoque, fronteira com a Guiana Francesa, a

prisãoviroucampodeextermíniopor ordemdopróprioPre-

sidente da República. Estima-se que entre 1924 e 1926 (pe-

ríodo de seu funcionamento) mais de 1800 pessoas tenham

morrido brutalizadas pelos agentes do governo ou acometi-

das por doenças comomalária, beribéri, disenteria bacilar e

tuberculose(à época, extremamente letais).

História

Jornalista de longo curso, Emanoel Reis dá uma viagem ao passado de um dos lados obscuros da

História do Brasil, no Amapá, quando o hoje estado, que antes foi território federal, serviu de colônia

de presos políticos no nefasto governo do presidente Arthur da Silva Bernardes. Os episódios em

Clevelândia do Norte ocorreram de 1924 a 1926, antes do presidente Getúlio Vargas desmembrar o

Amapá do estado do Pará, isso em 13 de setembro de 1943. Estima-se que no presídio oficial em

Clevelândia tenham morrido 1800 pessoas brutalizadas pelos agentes do governo ou acometidas por

doenças como malária, beribéri, disenteria bacilar e tuberculose(à época, extremamente letais).

Texto:

Emanoel Reis

E

Revista

DIÁRIO

-

Edição 19

-

16

Dramático

episódio

daHistória

brasileira

jamais

deveser esquecido

Clevelândia doNorte,

o ‘Jardim dos Suplícios’