Revista
DIÁRIO
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Edição 19 -
38
M
uito se fala a respeito das mudanças ambientais
doplaneta e oquanto isso afeta – e ainda vai afe-
tar – a vida das pessoas. Por aqui, na Amazônia,
as alterações tambémsãopercebidas edamesma forma
geram debate. Até o maior rio do mundo, o Amazonas,
vira objeto de discussão, como também especulação.
Mas, no começo do ano, Macapá sediou um evento de
cunho científico, o I Seminário Nacional de Territórios,
Ordenamento eRepresentação, promovidopelaUniver-
sidade Federal do Amapá, com apoio de diversas insti-
tuições, destre elas o CNPQ (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Gente que
esteve lá saiu preocupada com as informações a res-
peito do nosso riomar.
Convidado a palestrar no seminário, o geólogo e ad-
vogado Antônio Feijão diz ter sido uma rara oportuni-
dade de se ter um extrato científico com todo um
trabalhode amostragemde coletas científicas e estudos
históricos a respeitode nossosmananciais hídricos. Fei-
jão destaca que recentemente as notícias do fim da po-
roroca do Rio Araguari tiveram grande repercussão no
Brasil e até foradele. Mas não foi umproblemapontual,
pois até mesmo o Rio Amazonas dá sinais de sofrer
como assoreamentodos rios damaior bacia hidrográ-
fica.
ORIGENS
Fazendo um recorte sobre o caso do Rio Araguari,
Antônio Feijão diz que desde sua nascente, nas mon-
tanhas do Tumucumaque, este rio percorre 550 quilô-
metros e movimenta 280 milhões de metros cúbicos
de água. “Mas as hidrelétricas retiveramessa água e ti-
raram a força do rio; além disso, os búfalos ou seus
criadores recortaramcanais e agravaramaindamais o
problema”, diz ele. Explicando a dinâmica do rio, o geó-
logo lembra que o Araguari fazia esse trajeto sem ne-
nhum anteparo ou barreira natural, chegando forte
para enfrentar o Oceano. “Isso ajudava a aliviar tam-
bém as correntes e os sedimentos que chegavam a re-
giões como o Bailique, que hoje também enfrenta
problemas de assoreamento”, acrescenta, para exempli-
ficar mais efeitos desse gigantesco problema.
Especialista diz que o rio mar está invadindo lagos e igarapés, com danos irreversíveis
para a natureza, o que explicaria sumiço do rio Araguari.
As usinas
hidrelétricas
retiveram a
água e tiraram
a força do rio
Araguari, além
disso, os
búfalos ou
seus criadores
recortaram
canais.
Reportagem: Cleber Barbosa.
ALERTA -
Após
acompanhar
debate
científico sobre
o tema,
geólogo
Antônio Feijão
detalha sua
preocupação.
RioAmazonas
tambémestáassoreado,
dizgeólogo
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