Revista
DIÁRIO
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Edição 19 -
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Para os cientistas Leandro Castello e Maria Teresa, os
problemas da Amazônia não estão restritos à região
norte do país. "Se os rios secam, o transporte de grãos
como a soja, que é exportada, pode ser interrompido, impac-
tando a economia nacional. A seca nos rios também afeta a
produção de energia elétrica em represas como Belo Monte.
Se essas represas param, o Sul e o Sudeste podem enfrentar
apagões", advertem.
Outropontoque preocupa os cientistas é a construçãode
represas e hidrelétricas. "Isso só vai piorar os efeitos dasmu-
danças climáticas e do desmatamento", aponta Castello. Se-
gundoele, odesmatamentoemlargaescala fazcomquechova
menos e a região fique seca. "Isso pode fazer com que a flo-
restadaAmazôniase transformeemuma florestadecerrado",
vaticina.
Segundo o biólogo do Inpa, Philip Fearnside, as observa-
çõesdeCastellosãoprocedentes. ParaFearnside, aconstrução
das últimas hidrelétricas estão provocando impactos devas-
tadoresnosistemahídricodaAmazônia. Consequênciascomo
a mudança no curso de migração dos peixes, assoreamento
do leitodorio, impactos sociaisesobreoprocessodeenchen-
tes são lembradospelopesquisador. "Umdos grandes impac-
tos é o bloqueio da imigração dos grandes bagres do rio
Madeira, uma enorme fontede rendapara apopulação, tanto
no Brasil quanto na Bolívia e Peru. Esses não migram mais,
porque não passam pelas barragens que foram construídas
naqueleestado", enfatizouao lembrarqueosprejuízos são in-
ternacionais.
Hidrelétricas
provocam
impactos
devastadores
nos
rios