Previous Page  34 / 84 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 34 / 84 Next Page
Page Background

MeioAmbiente

Texto:

Emanoel Reis

Cientistas

alertamsobre“mo

Revista

DIÁRIO

-

Edição 19 -

34

Ogigantedefinha

Desmatamentos e queimadas estão influindo no encolhimento domaior rio domundo

rio Amazonas está morrendo. E com ele, 15% de

todaaágua fluvial domundo. A informaçãoéassus-

tadora e inacreditável. Mas cientistas de todas as

partes domundo vêm advertindo a humanidade e,

principalmente, os brasileiros da região norte do

país, sobre o encolhimento gradual domaior rio do

mundo. Infelizmente, o ‘Amazonas tem companhia

nestedramamundial. Outrosgrandes riosda região

também estão com seus níveis abaixo da média, a

exemplo do Solimões e Negro (AM), rio Madeira

(RO) e rio Tapajós, no Baixo Amazonas (PA).

Pescadores santarenos ouvidos por cientistas do Insti-

tuto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) disseram

quenunca tinhamvistoos riosTapajóseAmazonascomtão

pouca profundidade como agora. "Tenho 57 anos e nãome

lembro de ter presenciado uma coisa dessas nem quando

eu era criança", comentou o pescador JoséWilson de Jesus,

morador de Alter do Chão, Santarém (PA). Para ele, a expli-

cação está na ponta da língua: "Ohomemanda fazendo coi-

sasmuito erradas coma natureza e ela está se vingando".

Única capital do mundo banhada pelo rio Amazonas,

Macapápoderásofrer consequências inimagináveisnocaso

de uma estiagemmais prolongada – oumesmo definitiva –

do “rio-mar”. Trata-se de um prognóstico catastrófico cujo

cumprimentoéestimadode2084emdiante. Paraaciência,

éumtempo ínfimo. Principalmentecomademografiamun-

dial emespiral crescente.

“Em1950, éramos 2,5 bilhões de habitantes. Em2050,

a previsãodaONUé de que seremos 9,3bilhões. É como se

a fila do banheiro da sua casamais do que triplicasse de ta-

manho. Aí, não há caixa d'água que sustente. Aliás, não é só

de uma caixa d'água maior que a gente precisa. Para dar

contade tantagente, tambéménecessáriogerarmaisener-

gia, produzirmais comida,mais roupas,mais tudo. Umaboa

partedesse tudoprecisadeágua.Naspróximasseisdécadas

emeia, a demanda global deve aumentar 55%. Se conside-

rarmos que a indústria e a agropecuária consomem 90%

da água domundo, a coisa ficamais feia”, adverte o pesqui-

sador da universidade americana Virginia Tech, Leandro

Castello.

Governosignoramimportância

dasbaciashidrográficas

Como será Macapá daqui a 80 anos? Difícil responder.

Mas, a se confirmar as previsões apocalípticas de Castello,

o macapaense do futuro estará às voltas tentando salvar o

que sobrou do Amazonas àquele tempo nominado “ex-

maior rio do mundo”. Na visão do cientista, essa tragédia,

cuja consumação é prevista somente para o século vin-

douro, jáestáemandamento. Enemasociedade, tampouco

os governos, estãoempenhadosna implementaçãodeuma

O