Comportamento
ClaudlaOliveira
Psicóloga clínica - CRP 10-3480
"Onde acaba
oamor tem
início o
pode0 a
violência e o
terror''.
CARL GUSTAVJUNG
Violência
contra amulher
P
ercebe-se que ao longo da história mundial opa–
pel da mulher sempre esteve colocado em uma
situação de desigualdade diante da sociedade,
desde os relatos bíblicos, onde o feminino configura si–
nônimo de culpa. Eva é culpabilizada pela perda do
Éden ao comer e oferecer o fruto proibido a Adão. A
mulher foi referenciada na mitologia, na filosofia, de
forma pejorativa. Na arte, a imagem da mulher foi des–
crita conforme o papel que ela exercia. E desse modo,
essa imagem foi retratada, construída e transformada.
Ao longo da história os estupros, os abusos de toda
forma e a submissão faziam parte ou faz parte da rea–
lidade cultural do mundo.
Quando observamos as mais diversas músicas bra–
sileiras pode-se analisar a forma como a mulher é vista,
já que costumam retratar com muita fidelidade a rea–
lidade histórica percorrida pelo Brasil. Como por
exemplo as descrições deAmélia, feita por Mário Lago
e Ataulfo Alves, com sua imagem de submissão e dedi–
cação plena aos afazeres domésticos, sendo assim co–
locada como "a mulher de verdade". Chegando atual–
mente nas "cachorras''. "potrancas" e "popozudas''. evi–
denciadas pela sensualidade exacerbada que tende a
uma aparente vulgaridade através das descrições las–
civas de seus compositores.
Ao analisar as leis, percebemos que desfavoreciam
muito as mulheres, onde não tinham direito de votar e
ser votada, podendo até ser mortas pelo marido, caso
cometesse adultério, e tal crime recebia o escudo da
"legítima defesa da honra". Até pouco tempo existia o
Estatuto da Mulher Casada, onde a mulher passava do
domínio do pai, para o domínio do marido.
Depois de tantos anos de desvalorização, sendo
desvalorizadas, vistas como seres inferiores, muitas lu–
tas passaram a ser travadas. Dessa forma, a mulher co–
meça a sair do mundo de submissão para um mundo
de conquistas, conseguindo a duras penas que leis co–
mo a Maria da Penha comecem a emergir; defendendo
e garantindo seus direitos. Quando digo a duras penas,
o próprio nome da Lei Maria da Penha foi conseguido
depois de uma violência sofrida pela senhora que em–
prestou o nome para a lei ter soffrido violência de seu
parceiro. Eassim, a violência contra a mulher; mesmo
que em doses homeopáticas, foi sendo considerada cri–
me.
Emesmo com o avanço, com as conquistas, perce–
be-se que ainda hoje a mulher sofre violência de toda
ordem, inclusive tendo suas vidas ceifadas. Daí surge,
recentemente, a Lei que trata do Feminicídio, onde se
pune mais gravemente aquele que mata uma mulher;
em virtude do gênero.
Essas leis buscam conscientizar a sociedade quan–
to à gravidade da violência contra a mulher; seja ela
fí–
sica, moral, psicológica ou patrimonial. Portanto, em
qualquer sinal de violência, mesmo que não consiga
ver como violência, deve-se ficar atento, para que se
evite um mal maior. Atentar para o medo, as condena–
ções feitas até mesmo por olhares, os comentários pe–
jorativos referentes a roupas, comportamento e tantas
outras coisas, devem ser evitados. O ciúme excessivo,
a sentença de que você é propriedade de alguém, a
proibição de falar com alguém, e assim se começa a
perceber uma falta de alegria de viver; um desconforto,
que sua dignidade começa a ser roubada. O melhor;
mesmo, é buscar ajuda, o mais rápido possível.
E para os que ainda acreditam no dito popular de
que "em briga de marido e mulher não se mete a co–
lher", fique sabendo que está ultrapassado. Deve-se de–
nunciar; sim. E assim sendo esse bicho esquisito que
sangra todo mês, que gera, amamenta, chora, ri, ama,
trabalha, cuida, vive, a mulher é indiscutivelmente o
ser mais esperto e lindo que já ousou existir.
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