Entrevista
~
CarlosTork
Meaculpa
Admito que o Judiciário também
® não está imune
à
corrupção. Adife–
rença é que estamos mais expostos, pois
temos hoje um controle mais efetivo, mais
eficaz, que é o CNJ.
OJudiciário tem respondido
à
sociedade como
moderador de conflitos, especificamente
envolvendo os crimes de corrupção
arlos Augusto Tork de Oliveira
é
amapaense nascido em 24 de
novembro de 1961. Ele
é
casado, pai de
dois filhos, 27 anos de advocacia e
quatro de magistratura.Foi empossado
desembargador do Tribunal de Justiça
do Amapá no dia 4de abril de 2014.
Tork exerce ocargo de presidente do
Tribunal de Justiça do Estado do Amapá no biênio
2017/2019. Foi presidente do Tribunal Regional
Eleitoral do Amapá de 2015 a2017.
Nos seus 27 anos de atuação marcante na
advocacia, Carlos Tork trabalhou nas searas
criminal, cível etrabalhista. Exerceu, ainda, os
cargos de presidente do Conselho Seccional da
OAB-AP ede presidente da Comissão Nacional de
Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB.
Texto:
Douglas Lima
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Fotos:
Ascom/Tjap
evista Diário - Desembargador, o Brasil está no
foco domundo como umpaís corrupto. Osenhor
acha que o Judiciário brasileiro estava ou está
preparado para deliberar sobre processos com
esse viés?
Desembargador Carlos Tork - Acho que sim,
respondendo resumidamente. OJudiciário tem res–
pondido à sociedade brasileira a esse papel de mo–
derar; isso é muito importante, papel de moderar os
conflitos existentes, dentre eles os crimes envol–
vendo a administração pública e mais especifica–
mente a corrupção.
Diário - Osenhoradmite que o PoderJudiciário do Brasil
também não está imune
à
corrupção?
Desembargador Tork - Admito que sim. Nós somos seres
humanos, sujeitos a todas as mazelas humanas e qualidades, tam–
bém. Adiferença é que agora nós estamos mais expostos. Então
aparecem mais situações de corrupção na magistratura, como
em qualquer outro cenário, em razão de que temos hoje um con–
trole mais efetivo, mais eficaz, que é o Conselho Nacional de Jus-
tiça. Há vários colegas nossos, respondendo por uma situação ou
outra que envolve ou não corrupção. Esse controle sobre os ma–
gistrados, além do CNJ, também é feito pelas corregedorias esta–
duais.
Diário - Como o senhor explica intermitentes decisões
da Justiça que suscitam dúvidas na população e até mesmo
em renomados juristas e jurisconsultos?
DesembargadorTork - Isso não tem necessariamente a ver
com corrupção, tem a ver com a dialética do direito. Temos o di–
reito de ler essas teses. Amais polêmica tese, hoje, é aquela que
pergunta se cabe a nós a execução provisória da sentença crimi–
nal no segundo grau?
É
uma tese muito polêmica. Vemos que no
Supremo Federal a diferença é de umvoto ou dois. Nós temos di–
versas situações.
Diário - Há exemplo em nível de Amapá?
Desembargador Tork- Sim. Na Operação Eclésia temos di–
vergência de opinião quanto à legitimidade da representação do
Ministério Público, do juiz natural, conexão da prova, da impro–
bidade com ação penal. São diferentes interpretações. Então não
tem a ver com corrupção, mas com a dialética do direito, a dinâ-
Revista DIÁRIO- Edição 28 - 08