Evangelista assumiu o governo do estado por dez dias e instituiu
por decreto o Comitê Gestor Fiscal, que é uma reunião periódica
com representantes dos cinco poderes: Executivo, Judiciário, Le–
gislativo, Ministério Público e Tribunal de Contas. Emmédia, reu–
nimos a cada dois meses. Essas reuniões permitem que tratemos
de todos os assuntos pendentes de interesse do estado. Esse foro
do Comitê Gestor Fiscal permitiu que a gente, por exemplo, atra–
vessasse a crise financeira, que ainda não terminou, mas estamos
saindo dela, sem muitos percalços. Foi ela que permitiu, por
exemplo, que a gente, emvez de receber o duodécimo de uma só
vez, recebesse parcelado. Isso permite que o Executiv também
cuide das suas coisas. Hoje recebemos o duodécimo, em vez de
uma só vez por mês, recebemos em três parceladas.
Diário - Isso envolvendo todos os poderes, semexceção?
Desembargador Tork - Todos os poderes. Isso ficou clara–
mente ajustado. Foi esse Comitê de Gestor Fiscal que também
permitiu que a gente saísse sem maiores atropelos da crise dos
caminhoneiros. Reunimos e definimos o que cada parte faria.In–
clusive, agora saiu uma das ideias do Comitê Gestor Fiscal, o Te–
souro Verde, que está sendo implantado.
É
uma moeda nova,
crédito novo de recebimento de novas verbas para o estado, hoje
orçadas em mais ou menos 178 milhões, podendo chegar a dois
bilhões ao longo da sua implementação. Então, a relação entre os
poderes tem sido muito boa, cordial, de extrema responsabili–
dade, por conta do Comitê Gestor Fiscal.
Diário - Voltando
à
Operação Eclésia. Como estão os
acordos de leniência?
DesembargadorTork- Não apreciamos nenhum acordo de
leniência; parece que houve uma iniciativa, aí, mas ainda não foi
avaliada pelo Pleno da Corte. Pode ser que já tenha sido apreciada
por um relator ou outro. Oque já apreciamos foram dois acordos
de delação premiada. Esses, levados a julgamento, foram devida–
mente homologados.
Diário - Ea questão do presídio. Como a Justiça temvisto
isso?
DesembargadorTork - Acaba de sair um levantamento; es–
tamos com 2.800 presos. Estamos com a seguinte situação: houve
um repasse, para o estado do Amapá, há mais de ano, de 48 mi–
lhões de reais para fazer um novo presídio. Temos acompanhado
a questão. Ogoverno estadual tem justificado que o recurso ainda
não foi aplicado por causa da dificuldade de uma locação. Mas
agora o local já foi escolhido. Então, esperamos que essa verba
seja executada e que venhamos a ter mudanças na questão da
execução de penas e do Iapen. Também fizemos diversos atos
para a implantação do sistema alternativo da Apac no estado, que
acho que agora no segundo semestre já seja implantado. Nessa
área da execução da pena no sistema penitenciário nós vamos
ter alguma novidade ainda neste ano, começando com a Apac e
depois com a entrega deste presídio.
Diário - Eo Cesein?
Desembargador Tork - Com relação ao Cesein, é um pro–
blema sério. O juiz da infância que trata dos menores infratores
constatou que o Cesein não tem condições sanitárias de absorver
os menores. Fechou-se um bloco, o outro está em reforma.Inclu–
sive eu fui lá, visitei. Aempresa se comprometeu logo entregar a
obra.
Diário - Quanto ao crime organizado...
DesembargadorTork-
É
preocupante. Juntamente com um
comitê de Segurança, temos tomado algumas precauções. O
crime organizado está, sim, instalado no Amapá. Não há mais dú–
vidas sobre isso. Nós estamos instituindo o Comitê Institucional
de Segurança para que articuladamente todos os organismos de
controle ajam contra o crime organizado. OExecutivo terá a sua
competência.
Do nosso lado, temos a competência de mandar os presos,
mas a responsabilidade da guarda é do Executivo, e nós estamos
acompanhando e cobrando para que seja feita a nova peniten–
ciária.
Diário - Como está a questão dos concursados? Eles
serão chamados?
Desembargador Tork - Serão chamados até 30 de maio de
2019. São 88 vagas previstas no edital.
Diário - O senhor coordena o Comitê de Saúde do Judi–
ciário. Que avanços o senhor pode contabilizar dessa expe–
riência, e qual a pauta atual desse Comitê?
Desembargador Tork - Estamos evoluindo. Acho que esta–
mos dando passos significativos. Neste semestre, priorizamos gi–
necologia e obstetrícia. Fazemos o acompanhamento passo a
passo. Esse Comitê serve para dar recomendações e o acompa–
nhamento da política da saúde pública no estado. Os servidores
da Secretaria Estadual de Saúde e o secretário de saúde têm par–
ticipado de todas as reuniões. E eles têm gostado isso. Nós só
damos recomendações e fazemos o acompanhamento. Não po–
demos intervir.
Diário - Osenhor esteve como governadorsubstituto do
estado durante dois dias em agosto. Fale um pouco sobre
essa experiência.
Desembargador Tork - Dei a minha parcela de contribui–
ção. Assinamos dois decretos. O primeiro, para criação de uma
plataforma offline para as autoridades de segurança se comuni–
carem diretamente, de forma privada, porque o crime está orga–
nizado, e nós temos que nos organizar do outro lado. O outro
decreto trata da saúde, organizando a rede medicamentosa do
estado, através da constituição de uma câmara técnica perma–
nente para essa gestão. Como a competência da saúde é tripartite,
município, estado e União, o que acontecia era que todo mundo
estava comprando muita coisa, dentro e fora de sua competência,
muitas vezes a um preço excessivo, e no fim das contas isso não
chegava como benefício à população. Falta medicamento no hos–
pitais. Então essa câmara técnica vai organizar e aperfeiçoar a
rede medicamentosa no estado, obrigando uma interação entre
o município, o estado e a União.
Revista DIÁRIO - Edição
28 - 11