História
• Em plena selva
amazônica, os
bois Caprichoso e
Garantido
garantem
espetáculos de
grandeza
apoteótica
inimaginável para
quem não
conhece aFesta
de Parintins (AM).
Parintins é um município no extremo leste do estado do
Amazonas, distante mais de trezentos quilômetros da ca–
pital Manaus com uma população estimada em 113.832 ha–
bitantes, de acordo com dados de 2016 do IBGE.
É
a
segunda maior cidade do estado, atrás apenas de Manaus.
Arede de hotéis e pousadas, os restaurantes e demais em–
preendimentos associam seus produtos e serviços à natu–
reza do festival e à disputa entre os bois, cujas cores
predominam até nas marcas de refrigerantes e cer-
vejas comercializados na cidade. O transporte
na área urbana é feito com uso de bicitáxis,
táxis, vans e mototáxis, entre outros
Ofator de atração de milhares de tu–
ristas de outros lugares do Amazonas,
de outros estados do Brasil e de di–
versos países de todos os continen–
tes reside na Festa do Boi Bumbá
que se realiza anualmente durante
três noites no último fim de semana
de junho, por vezes findando no pri–
meiro dia de agosto, quando cai exa–
tamente no domingo, último dia da
grande festa. O evento centenário foi
realizado pela primeira vez em 1965,
por iniciativa da Juventude Alegre Cató–
lica de Parintins (JAC) para pôr fim aos con–
flitos de rua que marcavam os encontros dos
bois e que viravam verdadeiras batalhas campais,
mas as grandes atrações, o Garantido (boi vermelho) e o
Caprichoso (boi azul) polarizam todas as atenções e a riva–
lidade entre as duas torcidas.
É
o ponto alto de todas as noi–
tes de apresentação.
A grande Arena Bumbódromo, inaugurada em 25 de
junho de 1988 com capacidade para 35 mil pessoas, fervi–
lha ao se dividir entre as duas cores. O show apresentado
por cada boi é algo realmente espetacular e que consegue
reunir durante a realização do festival mais de cemmil pes–
soas durante as noites de disputa. Completando 30 anos
em 2018, na 54ª edição do festival, a Arena majestosa e im–
ponente substitui com grandiosidade e modernidade ar-
quitetônica as ruas onde antes a festa era realizada. Aevo–
lução da antiga festividade em sua forma original de fol–
guedo junino se deu com maior velocidade e impacto a
partir de meados da década de 1980. Desde 1913, quando
o Garantido foi criado por Lindolfo Monteverde na Baixada
do São José, a tradição evoluiu e com o surgimento do ar–
quirrival Caprichoso, fundado pelo nordestino Roque Cid
com o nome de Galante, em 1922, em Manaus, passando à
denominação atual a partir de 1925, quando pas–
sou a duelar com o Garantido pelas ruas da
pequena e bucólica Parintins, onde fixou
domicílio cultural e folclórico, a tradição
se consolidou e se expandiu para além
dos limites da pequena ilha à mar–
gem do rio Amazonas.
Em meio às mudanças que se
processaram, sobretudo a partir
dos anos 1980, o festival atual–
mente reúne 21 quesitos na dis–
puta entre os bois parintinenses:
apresentador, levantador de toa–
das e marujada ou batucada (úni–
cos que possuem ordem de
apresentação nessa ordem respec–
tiva); ritual; porta-estandarte; amo do
boi; sinhazinha da fazenda; rainha do fol-
clore; cunhã poranga; boi bumbá (evolução);
toada (letra e música); pajé; tribos indígenas; tu–
xauas; figuras típicas regionais; alegorias; lenda amazônica;
vaqueirada; galera; coreografia e organização do conjunto
folclórico. A percussão do Garantido é chamada de Batu–
cada e a do Caprichoso se autodenomina Marujada, sendo
que ambos possuem naipes de cordas, metais e backingvo–
cals (vocais de apoio). A cada apresentação dos destaques
individuais, uma catarse coletiva invade a arena e contagia
todo o público do boi que se apresenta enquanto a torcida
do boi contrário (referência ao rival porque não se deve
pronunciar o nome) se mantém em silêncio sob risco de
punição em caso de manifestação de apupo à apresentação
ou à torcida do adversário.
Revista
DIÁRIO-
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