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ElayneCantuária

Juíza de direito

Quanto vale

oseu voto?

E

m ano de eleição não tem jeito: temos a inegável in–

clinação de debater apaixonadamente ideias e dis–

cursos políticos dos candidatos; de ouvir mais uma

vez a fantasiosa estória da falta de segurança da urna ele–

trônica; de ouvir nomes, apelidos e slogan engraçados de

candidatos; de saber se irá haver ou não a volta da Lei Seca;

de repetirem que nossa arma é o nosso voto, entre outros.

Um número infinito de candidatos, com as mais diver–

sificadas propostas, para a classe que representa. E todo

mundo prometendo mudar o mundo do seu jeito, às vezes

beirando o absurdo.

É

incrível como, mesmo tão desacreditada, a política,

nos anos de eleição, fomenta tudo isso de novo. Candidatos

nas pontes beijando criancinhas prometendo "mundos e

fundos" para captação da simpatia do eleitor. O horário

eleitoral entra na nossa casa disputando ponto a ponto com

os programas de humor para a liderança na mídia.

Ano vai e ano vem, e no período eleitoral é sempre as–

sim: o eleitor se agiganta e o candidato se apequena, todos

em busca do tão disputado voto.

Alianças políticas entre os mais improváveis, palanques

divididos por pessoas que jamais acharíamos que um dia

seriam aliadas e mais, quando observamos a galeria dos

candidatáveis, parece um álbum de figurinhas com estampa

envelhecida dos que figuravam naquela primeira edição.

Ao mesmo tempo em que a mixagem do velho novo acon–

tece, alguns meio desalentados esperam renovação e mu–

danças em um cenário que pretende ensaiar o futuro.

Há tempos o eleitor parece estar tão apático que vota

até em palhaço, numa patética mensagem subliminar.

Fico toda hora me perguntando e refletindo que nesse

jogo democrático muitos nem sabem de verdade quais serão

os seus papéis no exercício e manutenção da democracia. É

porque quem vai pro Legislativo vai propor, elaborar e votar

as leis que a coletividade espera e torce para que sejam con–

gruentes e reflitam suas razões sociais do momento. A mis–

são do gestor do Executivo é a implementação das políticas

públicas e administração das coisas "das gentes".

Qual o papel do eleitor/cidadão, então? O principal se–

ria entender que o poder é do povo e para o povo, naquele

senso coletivo de querer melhores escolas, mais saúde com

prevenção, remédios, estruturas hospitalares minimamente

decentes, segurança nas ruas, em casa e no trabalho, ilumi–

nação pública, ruas sem buraco, patrimônio público bem

cuidado... Muita coisa, não é? Pode até ser, mas essa é a

pauta mínima do que precisamos e que nos seja devolvido.

Então votemos nos que podem efetivamente ajudar na

construção de tudo isso.

É

preciso também dizer que ser cidadão de verdade não

é ir somente no domingo do primeiro e segundo turnos e

apertar nas teclas da urna. A verdadeira consolidação da de–

mocracia se dá com a efetiva cobrança por dias melhores e

promessas factíveis e, pra isso acontecer, temos que sair da

nossa zona individual de conforto e pensar no coletivo. Seu

voto é de valor inestimável, vale sua dignidade.

E que nunca esqueçamos que a linda regra do "one

man, one vote'', que consagrou a igualdade e universali–

dade do voto, foi conquistada pela humanidade depois

de muita luta. Já foi privilégio dos mais abastados (voto

censitário) e somente dos homens. O direito de voto das

mulheres só chegou no Brasil em 1932, portanto, honre

essa conquista.

Juíza earticulista do Jornal Diário do Amapá eRevista Diário

Revista

DIÁRIO-

Edição 28 -

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