ARTIGO
OtonAlencar
E-mail: otonaracy@uol.com.br
Brasil,
--
corrupçao
edemeritocracia
P
recisamos pactuar uma nova ordem social pa–
ra a República, em que se priorize o cidadão,
a família e o bem público.
Nós, que amamos esta Pátria, não podemos dei–
xar de nos indignar diante de tamanha gatunagem
que se perpetra contra o Brasil.
A cada semana conhecemos um escândalo de
corrupção.
Entra governo e sai governo, e essa vocação atá–
vica para a corrupção contínua. Jânio Quadros usou
como símbolo de campanha uma vassoura. O seu
lema era 'varrer a corrupção'.
OCollor tinha como lema o 'Caçador de Mara–
jás'. Lula, com o seu PT imaculado, pregava um go–
verno voltado para o povo. Seria o governo mais
probo da história. O que se viu foi o governo mais
corrupto na História da República. Toda cúpula do
governo só queria se locupletar com a riqueza da
Nação e do povo brasileiro.
Quais os laços atávicos que nos unem à corrup–
ção que se tornou crônica no Brasil?
Bisbilhotei a História em busca de respostas pa–
ra a minha inquietação. Chego na Proclamação da
República. Naquele contexto histórico de ideias re–
publicanas voltado ao positivismo francês: 'Liber–
dade, Fraternidade e Igualdade'.
Inspirado na Terceira República Francesa
(1870- 1940)
e nas ideias positivistas, o Brasil pro–
clamou a República em
1889.
A transformação po–
lítica nasceu em meio de efervescentes debates e
ideias do que seria uma República para um país de
dimensões continentais e para uma Nação de plu–
ralidade de raça, uma maioria analfabeta e uma elite
' '
Esta demeritocracia
passou às gerações
futuras,
e os problemas
de origem
perduraram até hoje.
Talvez isso explique
porque a genética da
corrupção está
impregnada nas
entranhas da Nação
brasileira.
A
desfaçatez é tão
grande que parece
que perdemos a
vergonha de não nos
envergonhar.
dominante com espírito escravocrata arraigado no
seu projeto de Nação.
ARepública foi implantada pelos militares, ten–
do como seu primeiro presidente o marechal Deo–
doro da Fonseca. Depois, o ciclo militar, começando
com o governo regional chamado 'política do café
com leite', onde os governos se alternavam entre
São Paulo e Minas Gerais, orientados pelas ideias da
República Sociocrática de Benjamim Constante as
da República Liberal de Quintino Bocaiúva.
Alberto Sales, irmão do presidente Campos Sa–
les, arrependido de ter apoiado a República, bradou:
"Este regime é corrupto e déspota". Tudo isso ainda
no alvorecer da República.
As dificuldades que permearam a implantação
da República estavam imbricadas ao público versus
privado, ao individual versus coletivo. O fulcro pri–
mordial da República era preservar a unidade polí–
tica do Brasil, a união das províncias e a ordem so–
cial. Não houve no início uma preocupação com
uma organização social, formação e definição de ci–
dadania.
Acredita-se que as falhas na criação da Repúbli–
ca, a herança do Império no trato do público e pri–
vado, a prática da compra de títulos e patentes e o
pistolão contaminaram a República com aquilo que
era de ruim.
Essa demeritocracia passou às gerações futuras,
e os problemas de origem perduraram até hoje. Tal–
vez isso explique porque a genética da corrupção
está impregnada nas entranhas da Nação brasileira.
Adesfaçatez é tão grande que parece que perdemos
a vergonha de não nos envergonhar.
Membro da Academia de Letras eArtes Evangélicas do Brasil
Revista
DIÁRIO
- Edição28 -
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