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Gente

essenta etrês anos de idade, mais de dez

filhos, muitas mulheres. Um poço de

contradição. Assim éJosé Barbosa ou

simplesmente Barbosa, um cantor de rua. Há

cinco anos, religiosamente, todo sábado de

manhã, apartir das Bh, está na Praça da

Bandeira, em Macapá. Sai de lá às 13h, peito

tufado de satisfação pelo dever cumprido.

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arbosa despertou para a música, ainda adoles–

cente. Não teve, em casa, referências de sons

combinados, notas, claves, ritmos, harmonia,

acordes. Em compensação, foi aluno do profes–

sor maestro Oscar Santos, e se inspirou em

nomes como Nonato Leal, Sebastião Mont'Al–

verne e Ernâni Marinho.

Funcionário público federal, Barbosa, assim

que a música tomou conta, por completo, de seu

espírito e alma, aos 15 anos, saiu a tocar. Entur–

mou-se, primeiramente, nas bandas Setentrionais e The

Tramps. Depois, em 1986, abraçou a carreira solo, sem fins

lucrativos, bastando a partir dali mostrar a sua arte nas

ruas autoacompanhado por saxofone, guitarra, violão ou

teclado, instrumentos aos quais domina muito bem.

Mas com a experiência que foi adquirindo, observando

o gosto popular; deixou de lado todos os outros instrumen–

tos, ficando apenas com o teclado que, pela muitas possi-

bilidades que esse equipamento tem, pode dar desenvol–

tura ao seu rico e eclético repertório.

Barbosa toca tudo. Passeia pelos Pholhas, viaja com os

Trepidantes, namora com Pink Floyd, flerta com

Guns'And'Roses, navega com Pinduca, pega autoestrada

com o sertanejo, ama com Roberto Carlos e se delicia com

a música amapaense. Isso sem falar das canções românti–

cas, caribenha, reggae, discoteca e mais e mais e mais.

Oincrível feito por Barbosa é que ele não repete reper–

tório. Todo sábado, na Praça da Bandeira, durante cinco

horas ininterruptas, ele tem uma trilha musical diferente.

Sem ele no centro da cidade de Macapá o sábado não tem

graça.

Logo no primeiro tempo de suas apresentações pessoas

paravam para lhe ofertar dinheiro, uma forma de retribuir

a alegria que ele dá tendo a música como veículo. Hoje em

dia não fazem mais isso.

É

que o artista não aceita retribui–

ção, gratificação ou pagamento, de jeito nenhum.

Revista

DIÁRIO

- Edição 28 - 24