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Entrevista

perito criminal Pablo Francês, lotado na Polícia Técnico Científica do Amapá (Politec), foi umdos quatro

brasileiros destacados para identificar os corpos das vítimas do voo 447 da Air France, que caiu no

oceano Atlântico com228 pessoas a bordo. O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro no domingo, 31 de

agosto de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de

Paris no dia 1 de setembro, às 11h10 local (6h10 de Brasília). De acordo comPablo, ementrevista

exclusiva concedida ao jornalista Ramon Palhares, as perícias nos corpos das vítimas indicamque elas

morreramapós os impactos do choque contra omar. Pablo Francês é umdos coordenadores do Banco

Genético Criminológico do Amapá, que empoucomais de dois anos de implantação tornou o estado

referência, sendo, atualmente, o que possui omaior acervo de dados genéticos do Brasil.

evista Diário – Qual foi o cenário que o

senhor encontrou ao chegar emRecife

(PE), e como se sentiu como umdos 39

pro issionais de quatro estados, na

condição de especialista em

identi icação de vítimas de catástrofes, o

único da região Norte convocado para

periciar os corpos das vítimas do

acidente?

Pablo Francês –

Foi umquadro desolador, a inal,

estávamos diante de uma tragédia commais de duzentos

mortos de várias nacionalidades, inclusive brasileiros. Eu

estava consciente da responsabilidade de propiciar a

entrega dos restos mortais às respectivas famílias. Como

pro issional foi, semdúvida, uma realizaçãomuito grande,

pelo sentimento, ao inal, do dever cumprido. Como ser

humano, o sentimento foi de muita tristeza...

Diário – Na sua opinião, como perito,

passageiros e tripulantes daquele fatídico voo

morreramantes do choque da aeronave contra a

água, ou depois?

Pablo –

Não se pode chegar, de forma genérica, a uma só

conclusão, porque pelos traumatismos encontrados as

pessoas que estavamno avião Airbus podem até ter

chegado à água, mas morreram como choque contra o

mar. Entretanto, se houve descompressão as vítimas

podem ter perdido a consciência antes do impacto contra

a água, oumesmo podem ter ido a óbito em caso de

desintegração, por falta de oxigênio.

Diário – Qual foi o critério de sua escolha para a

missão?

Perito do Amapá é

destacado para

identificar corpos

das vítimas do voo

447 da Air France

O

R

Texto:

Ramon Palhares -

Fotos:

Elson Summer

PABLO

FRANCÊS

Revista

DIÁRIO

- Novembro 2015 -

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