O
professor João Luiz diz que o Amapá possui
uma situação diferenciada do ponto de vista de
suas fronteiras, pois é o único país da América
do Sul a fazer fronteira com um vizinho que tem moe‐
da mais forte, como é o caso da Guiana Francesa. Mas
diz que não se usufrui dessa condição, pois as trocas
comerciais ainda são incipientes, limitadas a Oiapo‐
que, através do comércio local. “Mas o grande porte
ainda não está sendo aproveitado nesse sentido eco‐
nômico, o que só virá com a abertura da ponte bina‐
cional sobre o rio Oiapoque, quando poderemos in‐
crementar o turismo e até trocas comerciais”, diz o es‐
pecialista.
O professor destaca neste sentido a importância do
Porto de Santana, em que pese os problemas atuais
com o Cabo Norte do Amazonas, que inviabilizam a
passagem de navios de grande porte, mas que ainda é
o terminal amapaense o de maior calado na Amazônia,
portanto capaz de virar um entreposto de cargas para
toda a região. Ele também opina sobre o projeto de es‐
coar a produção de grãos do Centro‐Oeste. “Embora
falem que o agronegócio hoje é mecanizado, que subs‐
titui mão de obra, aqui é uma grande novidade, não
existe agronegócio, então a expectativa é de que possa
gerar emprego e renda, além de insumos para outras
economias, como a produção de alimentos”, diz.
João Luiz pontua que embora o país venha apre‐
sentando números acanhados sobre crescimento eco‐
nômico, com a possibilidade do governo federal enviar
ao Congresso Nacional um orçamento menor que o
atual, a situação ganha ares de drama. “Trata‐se de um
câncer muito grande que precisa ser extirpado, mes‐
mo não vendo ainda a possibilidade disso ser feito,
adotam paliativos como a volta da CPMF, sangrando
mais um pouco o bolso do contribuinte, que já vem
sendo sacrificado há muito tempo”, pondera.
Por fim, o professor de economia alerta para os
cuidados que as pessoas devem ter com relação a sa‐
ber lidar com esse momento delicado. “Vem aí o déci‐
mo terceiro salário, a restituição do imposto de renda
e em alguns casos gratificação de férias, então não é
hora de mais gastos, mas sim pagar dívidas, antecipar
a quitação de um empréstimo consignado, por exem‐
plo, ou simplesmente guardar dinheiro para as des‐
pesas do início do ano, com rematrícula, IPVA, IPTU,
por aí”, diz.
Dicas
para o
enfrentamentodacrise
econômica
A chegada do
agronegócio ao Amapá
Oporto
Foto:
Antônio Feijão
O projeto de
escoar grãos
do Centro-
Oeste do país
pelo Porto de
Santana, no
Amapá, entra
no rol das
apostas para o
enfrentament
o da crise. Mas
é recebido com
cautela.
Revista
DIÁRIO
- Novembro 2015 -
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