Meio ambiente
E
studos revelam que a região
de recifes de corais descober–
tas na costa do Amapá é pelo
menos seis vezes maior do que se
calculava e possui ecossistema com
características até então não encon–
tradas no planeta, compreendendo
uma área de 56 mil quilômetros qua–
drados, de acordo com estudo publi–
cado pela revista científica Frontiers
in Marine Science.
Ainda de acordo com o estudo, a
alta complexidade do fundo e uma
grande diversidade de habitats foram
registradas, com algas, leitos de rodo–
litos (uma espécie de alga calcária),
um solo chamado de laterita, jardins
de esponja, coral mole e coral negro,
cuja estrutura tem altura média de
som (115m a 195m de profundi–
dade) e uma extensão linear ma–
peada de pelo menos 12 quilômetros.
Desenvolvido pelo Greenpeace
em parceria com especialistas de uni–
versidades federais e instituições
científicas brasileiras, o estudo revela
a existência de um grande corredor
de biodiversidade entre o oceano
Atlântico e o mar do Caribe, ressal–
tando que muito pouco se conhece
sobre a área, por isso a exploração de
petróleo e gás pode causar sérios ris–
cos ao meio ambiente.
O
Greenpeace afirmou em nota
que o setor norte do recife é o local
que recebe a maior influência das
Recifes são
•
seis vezes
•
maiores
que o
estimado
águas repletas de sedimentos do rio
Amazonas, e o menos estudado pelos
cientistas, devido às fortes correntes
marinhas na região, que é a área mais
ameaçada, pois no seu entorno se en–
contram os blocos que as petrolíferas
arremataram no leilão.
A empresa Total, também em
nota, se manifestou sobre a polêmica:
"A Total tem um programa inicial de
perfuração de dois poços explorató–
rios situados em águasultra profun–
das (entre l.800m e 2.SOOm)" e
ponderou que o processo de licencia–
mento ambiental para perfuração de
poços nos blocos operados pela em–
presa na Bacia da foz do Amazonas
está em andamento.
Influência dos recifes de corais no ambiente marinho do Amapá ainda
é
desconhecida
º
consultor ambiental Elizeu
Vasconcelos, que possui tra–
balhos publicados em vários
países e é autor de um artigo deno–
minado 'Recifes de corais e a explo–
ração offshore de petróleo na
Amazônia', publicado em vários paí–
ses, afirma que até então a definição
mais difundida sobre as condições
necessárias para o desenvolvimento
de recifes de corais era que "os reci–
fes de corais ocorrem em áreas tro–
picais e subtropicais, em águas
apresentando temperaturas médias
de 20º C, com boa iluminação, muita
oxigenação, poucos nutrientes e
baixa turbidez".
O
especialista pondera, entre–
tanto, que essa definição se mos-
trou "incompleta e incorreta, em al–
guns de seus aspectos, devido à re–
cente descoberta dos recifes de
corais na costa do estado do Amapá,
na qual as condições de baixa lumi–
nosidade e intensa turbidez são ca–
racterísticas
regionais
predominantes, não sendo essas
condições fatores para a inviabili–
dade da existência de recifes de co–
rais na região".
Ainda não se sabe como esse
ecossistema se estabeleceu na Ama–
zônia ou como funciona sua dinâ–
mica ecológica ou mesmo o grau de
importância que representa para a
manutenção e equilíbrio dos de–
mais ecossistemas presentes na re–
gião, destacando que todas essas
Revista
DIÁRIO
- Edição 27-
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incógnitas ocorrem juntamente
com a iminência da exploração de
petróleo na região, fazendo surgir
incertezas sobre como a atividade
petrolífera pode influenciar nos re–
cifes de corais.
"É
importante salientar que a ex–
ploração de petróleo na região pode
representar um marco positivo no
desenvolvimento do Amapá, porém,
com a descoberta dos recifes de co–
rais, é necessário um novo olhar
sobre como essa exploração pode
ocorrer e como a atividade pode in–
fluenciar nesse ecossistema", pon–
tuando que os recifes de corais são
formados a partir do CaC03(s) pro–
veniente da estrutura esquelética
de animais mortos e do acúmulo na-