Previous Page  50 / 60 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 50 / 60 Next Page
Page Background

Meio ambiente

Recife de corais

raros pode impedir

exploração

de petróleo e

gás na costa do Amapá

Tesouro natural descoberto por uma expedição científica do Greenpeace,

após leilão feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP), éalvo de preocupação de organizações não

governamentais de todo oplaneta. OMinistério Público Federal

comprou abriga erecomendou àAnac não incluir oestado nos próximos

leilões, eao lbama para que não conceda as licenças ambientais às

empresas ganhadoras do leilão até que estudos mais aprofundados

sejam feitos para avaliar impactos da exploração sobre os corais.

Texto:

Ramon Palhares

A

primeira notícia teve o efeito de

uma bomba: estudos realizados na

costa do Amapá mostraram indícios

da existência de grandes volumes de petró–

leo e gás, capazes de mudar o limitado mapa

nacional de estados produtores e colocar o

estado no seleto grupo de exportadores do

produto, fazendo chegar ao extremo norte

do país os ventos do desenvolvimento eco–

nômico.

Confirmada a informação, a Agência Na–

cional de Petróleo, Gás Natural e Biocom–

bustíveis (ANP) dividiu a área de

prospecção em 14 blocos e os inseriu em

um dos maiores leilões já realizados no Bra–

sil, ocorrido nos dias 14 e 15 de maio de

2013. Dos R$ 2,2 bilhões arrecadados pela

agência reguladora, os blocos do Amapá al–

cançaram a cifra de R$ 802 milhões, quase

30% de todo o certame, que teve como ga–

nhadoras as empresas Total E&P, Total, BP

e Queiroz Galvão, que se comprometeram

de investir R$ 1,624 bilhão nas pesquisas.

A partir daí paraenses e amapaenses

passaram a travar uma queda de braço para

abrigar as bases das empresas. O Pará ga–

nhou a queda de braço não apenas pelo

canto da sereia do governador Simão Janete

(PSDB), que ofereceu mundos e fundos

como contrapartida, de olho nos resultados

econômicos da empreitada e, claro, nos mi–

lhares de empregos gerados pela pesquisa.

O que pesou preponderantemente para a

escolha foi a logística, que existe de sobra no

estado paraense, mas que no Amapá é pra–

ticamente inexistente.

No entanto, em meio à movimentação

das empresas para montar as bases de

prospecções, já em estado avançado, veio a

segunda notícia com a força avassaladora de

um tsunami: a Organização Não Governa–

mental (ONG) internacional Greenpeace fez

uma expedição por coincidência ou não na

região que foi leiloada e descobriu no seu

entorno uma grande extensão de recifes de

corais raros, com os ambientalistas tra–

vando uma acirrada guerra contra a atuação

das empresas, inclusive amealhando milha–

res de assinaturas que percorrem as redes

sociais de todo o planeta. Pelo sim, pelo não,

o MPF recomendou à ANP que não inclua o

Amapá em seus próximos leilões, e ao

lbama para que não conceda licença am–

biental para pesquisa e exploração.

Revista

DIÁRIO

- Edição 27 -

50

' '

Estudos

na

costa do Amapá

mostraram indícios

da existência de grandes

volumes de petróleo egás,

capazes de mudar

o

limitado

mapa nacional de estados

produtores ecolocar

o

estado

no

seletogrupo

de exportadores do produto,

fazendo chegar

ao

extremo norte do país

os

ventos

do desenvolvimento

econômico.